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Nelson Sargento deixa legado de amor e respeito ao samba

O sambista e artista multidisciplinar morreu aos 96 anos vítima da Covid-19; familiares, amigos e fãs prestam homenagens

Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução/Facebook

Imagem mostra Nelson Sargento sorrindo e com um violação na mão

27 de maio de 2021

Nelson Sargento, sambista e peça chave na história do carnaval carioca, morreu aos 96 anos vítima da Covid-19. A confirmação da morte foi divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) nesta quinta-feira (27), onde Nelson estava internado desde o dia 21 de maio, no Rio de Janeiro. Apesar de estar vacinado com as duas doses do imunizante contra o vírus, o artista testou positivo e recebeu apoio terapêutico, mas não resistiu. 

Eternizado como presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, Nelson fez história ao lado de nomes como Paulinho da Viola e Clementina de Jesus, no espetáculo Rosa de Ouro, no início da década de 1960. Nos anos 10, o artista lançou o álbum ‘Sonho de um Sambista’, que foi premiado e abriu caminho para centenas de sambas escritos e interpretados por ele.

A atuação de Sargento na arte não se limitou às canções e aos espetáculos, foi também materializada através de trabalhos na literatura e com cinema. Em trabalho lançado em 1997, Nelson foi premiado no Festival de Cinema de Gramado, pelo curta-metragem ‘Nelson Sargento da Mangueira de Estêvão Pantoja’, escolhido como o melhor na categoria. 

Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, a escritora Juliana Barbosa, autora do livro ‘Nelson Sargento e as redes criativas do samba’, destacou momentos importantes da carreira do sambista e as experiências vividas ao lado dele. “No dia do lançamento do livro, que aconteceu no Rio, ele esteve presente. Foi na semana de comemoração do aniversário de 90 anos dele. Nelson ficou comigo do início ao fim e autografou todos os livros”, recorda, chamando atenção para a energia e vivacidade do artista. 

“Nelson dizia que ‘se a gente não conta aquilo que a gente vê, a história não anda e, nesse sentido, o samba é um grande delator’.”, lembra Juliana.

A escritora também menciona a presença da cultura negra nas obras literárias e pinturas feitas por Nelson. “Eu costumo comparar a atuação dele com uma planta (…) quando ele fez um movimento de espalhar as raízes do samba por terrenos heterogêneos e que dá muita resistência e vivacidade para essa cultura”, considera.

Como legado, Juliana classifica Nelson como agente essencial. “Ele fez um trabalho como um historiador da cultura do samba, da cultura do carnaval, da cultura popular e negra”, aponta a autora do livro. O resgate da história é notado em obras como ‘Encantro de Paisagem’ e o clássico ‘Agoniza, mas não morre’. Juliana reitera que Nelson contava, através de suas músicas, sobre os espaços sociais que o samba ocupa. “Tem música falando de botequim, do morro, das escolas de samba”, exemplifica. 

“O samba agoniza, mas não morre”

Pelas redes sociais, parentes e amigos lamentaram a morte do sambista. A Estação Primeira de Mangueira prestou homenagem a Nelson, que fez história compondo sambas-enredo na escola. “Sua partida deixará saudades em todos os amantes do samba e da cultura brasileira. A semente plantada por ele rendeu frutos que estarão eternizados junto à certeza de que ‘o samba agoniza, mas não morre’. Vai amigo Nelson, com seu jeito fino e elegante, se juntar a Cartola, Nelson, Jamelão e outros bambas, fazer uma roda de samba e olhar por nós”, declarou a escola através de um post no Instagram. 

NELSON E DIOGOImagem: Reprodução/Instagram

“Você é daqueles que não podiam morrer nunca”, desabafou o sambista Diogo Nogueira, legendando uma imagem em que aparece ao lado de Nelson, beijando sua mão. “Prometo continuar lutando pelo nosso samba, obrigada por tudo que fez por ele”, afirmou o arrtista.

Alcione também compartilhou um vídeo em homenagem a Nelson e aos momentos que compartilharam juntos. “Ele era um lorde, na maneira de se comportar, de se vestir, de falar… Ele era um desses galhos fortes do nosso Jequitibá do samba que é a Mangueira. Orgulho do samba”, escreveu a cantora.

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