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NFL quer se aproximar de brasileiros por meio da arte urbana de artistas periféricos

Em entrevista, a artista Crica Monteiro falou sobre a importância do projeto: "que outras mulheres vejam isso como uma possibilidade"
Imagem mostra uma parte da ilustração da artista Crica Monteiro, produzida para a chegada da NFL no Brasil.

Foto: Divulgação

5 de setembro de 2024

A cidade de São Paulo será palco de uma intervenção urbana que visa aproximar a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL) do público brasileiro, marcando a primeira vez que a modalidade chega ao país. A iniciativa inclui a inauguração de dois grafites criados pelos renomados artistas de rua Bruno Big e Crica Monteiro, que serão exibidos no bairro Bela Vista e na Avenida São João, no centro da cidade.

A intenção da ilustração nas empenas, como são chamadas as paredes laterais de um edifício, é levar a energia do futebol americano unida à arte e promover a primeira partida da NFL no país, que acontecerá na sexta-feira (6) na Neo Química Arena. O projeto é uma parceria com a Dionisio.AG, hub de inovação especializado em arte.

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As obras de arte têm sido marca registrada dos jogos da modalidade em outros países, a fim de deixar um legado cultural em cada local que recebe o evento. No Brasil, a obra de Crica pretende unir os elementos icônicos do futebol americano às cores vibrantes do Brasil, além de trazer um paralelo sobre o nosso olhar para os objetivos em 42 metros de altura.

Os personagens escolhidos foram inspirados nos dois quarterbacks do jogo que vai acontecer em São Paulo, Jalen Hurts, do Eagles, e Jordan Love, do Packers.

“O olhar dos atletas para ‘o horizonte’ faz alusão a quando miramos uma conquista, do tipo ‘eu vou vencer essa batalha!’. Quantas vezes nós mesmos não nos vemos nesta posição? De buscar vencer a cada dia, a conquistar nossos sonhos, nossos objetivos. Essa também foi a minha inspiração”, explica Crica em entrevista à Alma Preta.

A artista de origem periférica também expressou felicidade em participar de um projeto ligado ao futebol americano, um esporte com “protagonismo extremamente masculino” e ter o seu trabalho reconhecido por empresas estrangeiras. “Significa que meu trabalho tem chegado cada vez mais longe”, celebra.

“Eu sempre vejo esse lugar como uma forma de furar a bolha, que outras mulheres vejam isso como uma possibilidade de participar e que essas marcas olhem para nós e vejam que a gente também é capaz de realizar trabalhos grandiosos como esses”, compartilhou. 

Ao ser questionada sobre como a arte de rua conecta as pessoas da periferia e cria uma cultura que ultrapassa fronteiras, Crica relembrou que a cultura do grafite, elemento do movimento Hip-Hop, também surgiu nos Estados Unidos. 

“Temos o nosso jeito que fazer o nosso trabalho aqui no Brasil. A conexão de pintar na rua sempre vai ser gigantesca com todos, porque é uma arte democrática. Além disso, por eu ser uma artista batalhadora, para conseguir estar e permanecer em vários espaços pintando nas ruas, acho que isso se conecta diretamente com a galera da periferia”, ressalta a artista.

Para a obra, ela pensou com cuidado nas formas e nas cores para trazer elementos brasileiros, como o clima tropical. “Também trago elementos da cultura do nosso trabalho na rua e, junto a tudo isso, mostrar que estamos recebendo esse esporte, agora, aqui em São Paulo”.

Já a empena da famosa Avenida São João, no Centro da cidade, com quase 1.000 m², vai carregar a união do Brasil com o esporte americano. A obra contém características marcantes do esporte, como os uniformes e os capacetes utilizados nas partidas, e transmite a garra de cada jogador. 

As cores fazem referência às equipes, mas também possuem um toque “abrasileirado” de Big em sua composição, marca registrada do artista que já esteve em grandes cidades como Nova Iorque, por exemplo.

O artista também compartilha a vontade de impactar a população positivamente todos os dias por meio da arte: “Eu gosto de pensar num impacto. Prefiro que fique uma arte mais leve, mais colorida, mais pra cima, com uma boa energia para mudar o ambiente positivamente”, reforça Bruno Big em nota à imprensa.

As artes simbolizam o abraço da NFL à nossa cultura e convida os brasileiros a se conectarem ainda mais com o futebol americano. A iniciativa reforça o desejo da NFL de aproximar o esporte do público local, integrando-o ao cotidiano dos paulistanos de forma criativa e envolvente.  

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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