O programa Manos e Minas, da TV Cultura, foi retirado da grade televisiva por decisão da nova direção da emissora, com José Roberto Maluf à frente da presidência da Fundação Padre Anchieta (FPA) desde junho. A entidade, que administra o canal, é vinculada ao governo do estado de São Paulo.
O anúncio foi feito pelo produtor musical Valmir Vras em seu canal no YouTube. No vídeo, ele afirma que funcionários que trabalhavam na produção do título foram demitidos e que a emissora passará a exibir apenas reprises. “A única coisa que a gente tinha da periferia de São Paulo na TV era isso. Eu não aguento mais ver essa cena, a gente sempre tem que pedir, a TV Cultura tem que respeitar o movimento hip hop, esse programa já é a voz da perifa e a voz da gente é o que carrega a gente. Todo ano é a mesma fita com o ‘Manos e Minas’, tá ligado?”, desabafou.
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Vras pediu que os movimentos de periferia se manifestem pela hashtag #VoltaManosEMinas e #ManosEMinasRepriseNão. No Twitter, o cartunista Walter Limonada apoiou a movimentação e músicos também se manifestaram contra o fim do programa.
“Muito triste com a notícia do fim do Programa Manos e Minas. O único programa (de tv aberta) do Brasil que dava voz à cultura Hip Hop!”, lamentou a cantora Karol Conka. Já o rapper Coruja BC1 escreveu: “Triste de verdade pelo fim do Manos e Minas. Sempre fui super acolhido pelo programa desde meu primeiro trabalho autoral! Um programa democrático que prioriza a cultura acima de qualquer coisa! Irá fazer muita falta mesmo!”.
Ao jornal Folha de São Paulo, a TV Cultura informou que ainda não tem um posicionamento oficial sobre o assunto.
O Manos e Minas foi ao ar pela primeira vez em 1993, inicialmente como quadro do Metrópolis, e desde 2008 era exibido como programa independente na grade do canal. Em agosto de 2010, o então presidente da FPA, João Sayad, anunciou o fim do programa, que após grande pressão por parte do movimento hip hop voltou a ser exibido em novembro do mesmo ano.