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‘Não é um livro para entristecer’: nova obra de Lázaro Ramos aprofunda debate sobre racismo

À Alma Preta, o ator e diretor Lázaro Ramos conta que “Na Nossa Pele” deve evocar diálogos sobre racialidade com os leitores
O ator, diretor e escritor Lázaro Ramos.

O ator, diretor e escritor Lázaro Ramos.

— Reprodução/Rafael Reis/Antonio Netto

17 de março de 2025

Nesta segunda-feira (17), o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos retoma os diálogos sobre identidade, racialidade e pertencimento em sua nova obra “Na Nossa Pele: continuando a conversa”, sequência do best-seller “Na minha pele”, lançado em 2017.

O novo livro propõe ao público uma reflexão ainda mais profunda sobre o racismo na sociedade brasileira, conectando-se com passagens de sua trajetória e memórias de sua família, em especial de sua mãe, Dona Célia Maria Ramos.

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Em entrevista à Alma Preta, Lázaro Ramos afirma esperar que o livro gere identificação, acolhimento e evoque questionamentos aos leitores, reforçando o convite ao debate racial da primeira obra.

“Espero que as pessoas se sintam acolhidas, mas eu espero que elas se sintam convocadas também. Não é um livro para adormecer ou entristecer. É para convocar e para emancipar, essa é a tentativa. É entender que esse não é um assunto que está finalizado nesse instante. Ainda temos coisas para construir e quem vai complementar é quem está lendo também”, diz o autor. 

Capa do livro “Na Nossa Pele”, de Lázaro Ramos, lançado pelo selo Objetiva, da Companhia das Letras. (Foto: Divulgação)

“Na Nossa Pele” apresenta a arte e a comunicação como ferramentas essenciais para a sensibilização e mobilização social, além de propor caminhos para dialogar sobre negritude com diferentes públicos sem abdicar da visão crítica e da reivindicação por mudanças estruturais.

Para Lázaro Ramos, a arte é fundamental para abrir espaço para vozes historicamente silenciadas e sensibilizar diferentes audiências sobre questões raciais. No entanto, o ator ressalta: “A arte sozinha não salva ninguém”.

“Tem coisa que faz parte de política pública de acesso à justiça, de acesso ao direito. A arte abre portas, sensibiliza e proporciona que a gente tenha uma voz para declarar ao mundo, um lugar para se expressar, coisa que muita gente não tem. Respeitar as nossas histórias, as nossas vivências nos processos criativos é fundamental”, declara. 

Outras perspectivas

Questionado sobre qual convocação faria para ampliar o espaço das narrativas negras na classe artística nacional, o autor reflete que, além do respeito, é importante priorizar as pessoas que possuem essas vivências na construção de temas, linguagens e estéticas das produções artísticas.

“Trazer outras perspectivas e maneiras de criar outras referências é importante e renova o que a gente faz. E também a valorização de temas que muita gente não valoriza, né? Podemos aquecer bastante a sensibilização e a atração de quem vai assistir, porque nossas histórias ainda não foram contadas como a gente merece. Tem muita coisa que ainda está embaixo do tapete e que precisa ser dita”, complementa.

Na obra, Ramos destaca que parte do processo de escrita se cruzou com a de redescoberta da história de Dona Célia, personagem evidenciada na história. O livro, que originalmente falaria sobre artes, o ajudou a compreender sua mãe para além das injustiças sofridas por ela e por outras “Donas Célias”.

“Isso muda não só a minha postura como filho, com os meus mais velhos. É de querer estimular muito que as pessoas investiguem as histórias das suas mães, das mulheres mais velhas”, explica.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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