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Obra que critica projeto de branqueamento racial no Brasil é selecionada para festival europeu

A experiência imersiva é uma resposta poética e contra colonial ao quadro "A Redenção de Cam (1895)", considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento
Imagem mostra um quadro em chamas no meio de uma floresta.

Foto: Divulgação

25 de outubro de 2023

Com direção da roteirista e documentarista negra Mariana Luiza, “Redenção”, instalação que critica o projeto de branqueamento racial no Brasil, é o único projeto brasileiro selecionado para a categoria competitiva de documentários imersivos do Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (IDFA). O festival é o maior de documentários do mundo e este ano ocorre de 10 a 19 de novembro.

A experiência imersiva, que ficará disponível na galeria de arte LNDWStudio durante todo o evento, é uma resposta poética e contra colonial ao quadro “A Redenção de Cam (1895)”, considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento. A obra é do pintor espanhol Modesto Brocos, que ficou radicado no Brasil por mais de 40 anos.

Mariana detalha como será a experiência de assistir “Redenção” dentro da galeria. O projeto se enquadra na categoria “novas mídias” para documentário, popularmente conhecido como cinema imersivo.

“Vamos construir um labirinto dentro da galeria de arte, onde vão ter dois vídeos. Um deles vai ser projetado em um espelho d’água, como em um lago. A ideia é que no final do labirinto, o espectador se depare com um espelho d’água. Mas, ao invés de sua imagem e semelhança, como o mito de narciso, o que ele vê é um videoarte que trata e forma poética rituais de resistência negra. Trata-se de uma resposta ao projeto de nação branqueada”, explica.

Símbolo do branqueamento racial no Brasil

A pintura de Modesto Brocos, cujos personagens centrais são uma avó negra, uma mãe mestiça, um pai branco e seu bebê de pele clara, foi exibida durante o Congresso Universal das Raças em Londres, em 1911, como um símbolo da ideologia de branqueamento racial no Brasil, amplamente disseminada no país durante o final do século 19 e início do século 20.

Na ocasião, o Brasil apresentou um projeto nacional que previa o extermínio dos negros da população brasileira em um período de um século ou três gerações para que o país se tornasse majoritariamente branco.

Mais de 110 anos depois, Mariana levanta o questionamento: “É possível redimir uma nação que queria exterminar a maioria de seu povo?”.

Pesquisadora de temas relacionados à identidade, ao pertencimento e à nacionalidade, a diretora também foi convidada pelo festival para colaborar com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT Open Documentary Lab) em experimentação artística, pesquisa e desenvolvimento de documentais para novas mídias, com o objetivo de apresentar projetos interativos e promover discussões que explorem a narrativa documental na era da interface.

Reconhecimento nacional e internacional

Mariana Luiza, roteirista e documentarista, é uma mulher negra de pele clara e de cabelos encaracolados e curtos. Ela está com uma camiseta vermelha e posa para foto.
A roteirista e documentarista Mariana Luiza. Foto: Divulgação

O trabalho da roteirista e documentarista Mariana Luiza tem sido reconhecido em festivais de cinema nacionais e internacionais, que abordam questões relacionadas à identidade negra, ao pertencimento e ao gênero.

Este ano, ela também fez a pesquisa para o filme “Toda Essa Água”, produção da Bananeira Filmes, com direção de Rodrigo Oliveira, que estreou no CineOP 2023. Em 2021, dirigiu dois episódios da série “O Enigma da Energia Escura” para a Lab Fantasma e GNT, além de assinar a direção geral.

Mariana também escreveu o roteiro para a série “Libertários” (2 episódios), uma produção da Gaia Filmes, com direção de Renato Barbieri e Juliana Borges.

Em 2017, dirigiu o curta-metragem de ficção “Casca de Baobá”, exibido em diversas mostras e festivais no Brasil e em países como Canadá, Estados Unidos, França, Portugal, Coréia do Sul, Colômbia, Cabo Verde, Uganda, entre outros. O filme ganhou seis prêmios. E, em 2010, dirigiu o documentário “A B Ser”, vencedor do edital Filma Brasil/TV Futura.

Como roteirista, colaborou com produtoras como a Preta Portê Filmes, Conspiração Filmes e Coqueirão Pictures. Escreveu o roteiro de ficção de “Praia Formosa” (em pós-produção, Julia De Simone) e colaborou com “A Festa de Leo” (2023), de Gustavo Melo e Luciana Bezerra.

A profissional é formada em Roteiro de Cinema pela New York Film Academy e em Montagem pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro. É Membra da Associação dos Produtores Audiovisuais Negros (APAN), da Brown Girl DOC Mafia (BGDM), da African American Women In Cinema (AAWIC) e da Talento Paradiso.

Confira o trailer de “Redenção”:

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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