Texto: Solon Neto
Ao final da manhã do último dia 22/08, ainda são poucas as pessoas esperando os shows começarem, mas a tensão de seu motivo já paira no ar. Estamos na periferia, e os mais afetados pela possível redução, os jovens negros, estão por toda parte.
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Subindo a ladeira íngreme da Avenida Maria Cursi, em São Mateus, Zona Leste de São Paulo, ergueu-se sobre o asfalto quente a luta de um grupo de jovens brandindo suas vozes e energias contra a redução da maioridade penal. Ali do alto, voltado para o horizonte, o palco na rua estreita apontou através das caixas de som diversos motivos pela vida da juventude.
A organização chegou cedo, e passou o dia distribuindo panfletos e cartilhas na movimentada Avenida Mateo Bei, logo ao lado. Além dos jovens militantes do festival, também se veem membros do Sindicato do Químicos, distribuindo panfletos contra a terceirização do trabalho. É sábado, e as pessoas se dedicam às compras e ao lazer. Assim como muitos bairros da periferia de São Paulo e região, ali o comércio de rua é intenso, e os moradores protagonizam um fluxo ininterrupto.
Aprovada em segundo turno pela Câmara dos Deputados no último dia 19/08, a PEC 171 está a caminho do Senado, e segue sendo rechaçada pelos movimentos sociais, em especial pelo movimento negro, principal organizador do evento. Ali, num bairro periférico, local simbólico do desmandos e desníveis do poder, as palavras palavras contra a redução soam tão concretas quanto os tijolos que recobrem as casas.
Há mais de cinco meses, o “#15contra16 – Festival Musical Contra a Redução da Maioridade Penal” proporciona intenso trabalho para as organizadoras, que se frise, quase todas mulheres negras e periféricas. Ao longo dos meses, elas conquistaram o apoio da Prefeitura de São Paulo, do programa “Juventude Viva”, do governo federal, e de diversos coletivos, personalidades e segmentos de movimentos sociais. Através das redes sociais, a hashtag #15contra16 tem sido usada para vídeos de 15 segundos na rede social Instagram, aumentando o alcance da campanha.
O festival foi muito bem recebido pela comunidade em volta. Todos pareciam curiosos, e buscaram os panfletos sendo distribuídos. A frequência também não foi decepcionante, e teve como maioria jovens e crianças da região, dispostos a ver seus ídolos de funk e rap, e ouvir sobre política, discutindo em espaço público e a céu aberto, a proposta da redução.
O principal contratempo do festival foi o atraso de algumas horas para o início das atrações, provocado pela empresa SPTURIS, responsável por trazer o gerador de energia que acenderia o palco. A empresa contratada pela subprefeitura local, trouxe um gerador quebrado, e levou horas para substituí-lo, ao passo que trazido outro gerador, foi preciso muito esforço para conseguir fazê-lo funcionar, o momento mais tenso do evento. Às 15h14, quando o gerador foi finalmente ligado, ouviram-se gritos de alívio e euforia.
Ao longo do dia, diversos artistas, personalidades e políticos participaram do evento. Entre eles estava o vice-presidente do Corinthians, André Luiz de Oliveira, que mostrou apoio pessoal e do clube para com a causa. Mostras de que a política ainda pode e deve se misturar com o esporte e a arte.
“Tentando salvar o mundo”
O som predominante no festival foi o do Rap e do Funk, uma bem sucedida tentativa de dialogar com a periferia. Apesar do atraso no festival, muitos artistas participaram e contaram com a adesão da comunidade. Entre os artistas escalados estavam o coletivo de MC’s, Audácia, a rapper Tati Botelho, os rappers do grupo Parábola, a jovem MC Medrado, o Mc Léo da Baixada e a banda de hip hop Engrenagem Urbana. O Alma Preta conversou com eles, que se mostraram politizados e trabalhando em prol da juventude. Alguns dos artistas, como os oito MC’s do coletivo Audácia (RG do QI, 011, Rincón Sapienza, Rocha, Cafuris, Rafão Alafi, James Bantu e Dikampana) realizam projetos em seus respectivos bairros, a fim de fomentar e desenvolver a cultura periférica. Falando conosco, eles demonstraram grande preocupação com a juventude e com a possibilidade da redução, ressaltando o fato de que políticas públicas são muito mais adequadas do que o aumento do encarceramento. Tati Botelho lembrou ao subir no palco que estava ali novamente “tentando salvar o mundo”, e levou o público ao delírio com suas letras e presença forte. Já no cair da noite MC Medrado arrancou gritos de euforia dos presentes, e referindo-se principalmente às mulheres durante o show, disse ao público para lembrarem que o amor é o mais importante dos sentimentos humanos.
Políticos marcam presença
Juliana Cardoso, vereadora de São Paulo pelo PT, esteve no evento e se pôs contra a redução. Para ela o festival é importante para “através da cultura trazer informações” e para “trabalhar na periferia e envolver a comunidade para mostrar aos cidadãos que a redução não é a solução, principalmente para os jovens negros”. Também presente, o subprefeito de São Mateus, Fábio Santos da Silva, declarou que “Para São Mateus o festival é muito importante esse festival porque traz cultura para a juventude. Estaremos sempre apoiando esse tipo de iniciativa”. O subprefeito se posicionou contra a redução: “Temos que discutir políticas públicas para a juventude, como mais educação, mais esporte, lazer e culturas. Colocar a Juventude na cadeia não resolve a violência. Se resolvesse, São Paulo não teria violência nenhuma”, disse referindo-se à liderança paulista em quantidade de encarcerados.
“Tentando salvar o mundo”
O som predominante no festival foi o do Rap e do Funk, uma bem sucedida tentativa de dialogar com a periferia. Apesar do atraso no festival, muitos artistas participaram e contaram com a adesão da comunidade. Entre os artistas escalados estavam o coletivo de MC’s, Audácia, a rapper Tati Botelho, os rappers do grupo Parábola, a jovem MC Medrado, o Mc Léo da Baixada e a banda de hip hop Engrenagem Urbana. O Alma Preta conversou com eles, que se mostraram politizados e trabalhando em prol da juventude. Alguns dos artistas, como os oito MC’s do coletivo Audácia (RG do QI, 011, Rincón Sapienza, Rocha, Cafuris, Rafão Alafi, James Bantu e Dikampana) realizam projetos em seus respectivos bairros, a fim de fomentar e desenvolver a cultura periférica. Falando conosco, eles demonstraram grande preocupação com a juventude e com a possibilidade da redução, ressaltando o fato de que políticas públicas são muito mais adequadas do que o aumento do encarceramento. Tati Botelho lembrou ao subir no palco que estava ali novamente “tentando salvar o mundo”, e levou o público ao delírio com suas letras e presença forte. Já no cair da noite MC Medrado arrancou gritos de euforia dos presentes, e referindo-se principalmente às mulheres durante o show, disse ao público para lembrarem que o amor é o mais importante dos sentimentos humanos.
Políticos marcam presença
Juliana Cardoso, vereadora de São Paulo pelo PT, esteve no evento e se pôs contra a redução. Para ela o festival é importante para “através da cultura trazer informações” e para “trabalhar na periferia e envolver a comunidade para mostrar aos cidadãos que a redução não é a solução, principalmente para os jovens negros”. Também presente, o subprefeito de São Mateus, Fábio Santos da Silva, declarou que “Para São Mateus o festival é muito importante esse festival porque traz cultura para a juventude. Estaremos sempre apoiando esse tipo de iniciativa”. O subprefeito se posicionou contra a redução: “Temos que discutir políticas públicas para a juventude, como mais educação, mais esporte, lazer e culturas. Colocar a Juventude na cadeia não resolve a violência. Se resolvesse, São Paulo não teria violência nenhuma”, disse referindo-se à liderança paulista em quantidade de encarcerados.