Largo da Banana, na Barra Funda, agora tem um mural com as imagens do Dadinho, da Camisa Verde e Branco, e da madrinha Eunice, que fundou a escola Lavapés
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Juca Guimarães/Alma Preta
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
O samba de São Paulo tem local de nascimento. Foi no largo da Banana, na Barra Funda, zona oeste da cidade, que o ritmo com forte influência africana e de tradições do interior paulista se desenvolveu no final do século 19, ao lado da estação de trem.
No último dia de 2020, a memória do samba paulistano foi reforçada com um grafite em homenagem ao sambista Dadinho, da Camisa Verde e Branco, e da madrinha Eunice, que fundou a escola de samba mais antiga e ainda em atividade da capital, a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva Escola de Samba Lavapés, em 9 de fevereiro de 1937, na Baixada do Glicério, região central.
“O seu Dadinho é um baluarte vivo da história do samba e a madrinha Eunice foi pioneira. A primeira mulher a comandar uma escola de samba, inclusive a primeira escola da cidade”, conta o grafiteiro Malaca, 34 anos, um dos três artistas envolvidos no projeto.
Deolinda Madre, nome de batismo da madrinha Eunice, nasceu em outubro de 1909, na cidade de Piracicaba, onde aprendeu o batuque de umbigada, tradição afro-brasileira do interior do Estado.
O mural fica bem embaixo do viaduto Pacaembu, no início da rua Barra Funda, onde era o largo da Banana. No dia 22 de janeiro de 2020, a Prefeitura de São Paulo colocou uma placa comemorativa no local e o sambista Dadinho foi quem inaugurou o marco. A placa diz: “Largo da Banana: Ponto inicial do samba paulistano, o largo que aqui havia recebeu, a partir do final do século 19, estivadores negros reunidos em roda de samba duro e tiririca, capoeira de paulista sambada”.
“O samba é um marco importante da cultura africana e afro-brasileira. O mural tem também a figura do engraxate e outras referências à história do samba na cidade”, reitera Malaca.
Além da Malaca, que é artista plástico da zona oeste da capital, participaram da concepção e execução do mural os grafiteiros Sapiens e Joks Johnes, ambos da zona norte. O projeto é parte da iniciativa ‘Cultura do Lixo’, que leva grafites para muros da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para pontos viciados de descarte irregular de lixo.