O Ministério da Cultura (MinC) e a Fiocruz, por meio da Periferia Brasileira de Letras (PBL), divulgaram os resultados da pesquisa “Coletivos Literários nas Periferias Brasileiras: um retrato”. O estudo mapeou a atuação de 292 coletivos literários em nove estados e no Distrito Federal, apresentando um panorama das iniciativas culturais em favelas e periferias.
Os dados foram reunidos no Caderno da Periferia Brasileira de Letras (Volume 2), disponível nos sites do MinC e da Fiocruz.
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Perfil dos coletivos e desafios enfrentados
A pesquisa apontou que 42% dos coletivos participantes estão no Nordeste, seguidos pelo Sudeste (34%), Norte (13%), Sul (7%) e Centro-Oeste (4%). Bibliotecas comunitárias representam 26% das iniciativas mapeadas, enquanto recitais e saraus poéticos correspondem a 21%. Clubes de leitura, rodas de rima e slams somam 9% cada.
Entre as dificuldades enfrentadas, o racismo foi citado como a principal violação que impacta a atuação dos coletivos (32%), seguido pela violência urbana (26%) e pelo desemprego (24%). Os pesquisadores destacam que esses fatores estão interligados, uma vez que, segundo dados do IBGE e do Ministério da Saúde, a população negra é a mais afetada por esses problemas.
Além disso, 96% dos coletivos afirmaram estar engajados em pautas sociais em seus territórios. A luta antirracista se destaca, sendo central para 64% dos grupos.
Cultura e participação social nas periferias
Os resultados reforçam a importância da territorialização das políticas públicas no campo do livro e da leitura. Mariane Martins, coordenadora da PBL, destacou que a ampliação da pesquisa para a região Norte fortalece a visibilidade do trabalho dos coletivos.
“Esperamos que os dados colaborem para a democratização da leitura e escrita em territórios periféricos, habilidades fundamentais para o exercício da cidadania e para a promoção da saúde”, afirmou em publicação ministerial.
Para Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, a pesquisa demonstra que literatura, cultura e artes promovem cidadania e transformam realidades.
“São coletivos que organizam festivais literários, saraus, slams, rodas de leitura, editoras independentes e bibliotecas comunitárias, compreendendo a cultura como elemento vital de mudança”, afirmou.
Os coordenadores da PBL destacam que os dados podem ser utilizados como ferramenta para fortalecer a participação social e o diálogo com governos locais. A pesquisa continuará sendo divulgada ao longo de 2025, com a publicação dos relatórios da fase qualitativa e a análise detalhada dos resultados por estado.