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Produtora da periferia de São Paulo busca financiamento em Cannes para filmes sobre resistência e memória

Vericéia Filmes representa cinema marginal no Marché du Film com documentário sobre boxeadora olímpica e ficção sobre memória sertaneja; projetos já têm parceria francesa
O cineasta Lincoln Péricles em Cannes, com Wara (cineasta de Fortaleza) e Emmanuel G. (Cineasta do México).

O cineasta Lincoln Péricles em Cannes, com Wara (cineasta de Fortaleza) e Emmanuel G. (Cineasta do México).

— Divulgação/Vericéia e Astúcia

22 de maio de 2025

A Vericéia Filmes, produtora audiovisual independente sediada em São Paulo, foi uma das dez empresas paulistas selecionadas para participar do Marché du Film 2025, mercado internacional do Festival de Cannes. A participação conta com apoio da Spcine, via Edital de Chamamento Aberto, e do programa Cinema do Brasil. 

Representada pelo cineasta Lincoln Péricles, da Astúcia Filmes, a Vericéia busca viabilizar financeiramente dois longas-metragens em desenvolvimento: o documentário “Sobre a Luta” e a ficção “Tesouro da Memória”. 

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Os projetos destacam trajetórias e territórios invisibilizados, alinhando-se à proposta da produtora de fomentar um cinema decolonial e socialmente comprometido.

Dois projetos, duas frentes de batalha

O documentário “Sobre a Luta”, dirigido por Lincoln Péricles, acompanha a trajetória da boxeadora brasileira Jucielen Romeu até os Jogos Olímpicos de Paris. A produção é uma coprodução entre Vericéia Filmes, Astúcia Filmes, Coletivo Boca do Rio e Coletivo Quitus. 

O projeto já passou por programas de desenvolvimento como DOCSP, Histórias que Ficam e o European Film Market. Em 2025, foi contemplado pelo William Greaves Fund, da Firelight Media, e passou a contar com coprodução da produtora francesa Écarlate.

A equipe da Vericéia esteve em Paris em 2024, com recursos próprios e doações viabilizadas por uma rifa, para registrar a participação da atleta nas Olimpíadas. A obra pretende abordar, além do esporte, os desafios estruturais enfrentados por atletas mulheres brasileiras e negras em um contexto internacional.

Já “Tesouro da Memória”, longa de ficção escrito e dirigido por Priscila Nascimento, narra a história de uma social media que, após perder tudo, encontra um mapa do tesouro costurado à mão. Em sua travessia pelo sertão de Pernambuco, ela confronta os herdeiros de um império canavieiro para recuperar um legado ancestral. 

A proposta mistura aventura e crítica social, explorando o apagamento da memória de povos tradicionais e o papel das mulheres na reconstituição dessas histórias. O projeto busca coprodução e financiamento no mercado internacional.

Diálogo com o mercado global

Segundo Ronaldo Dimer, fundador e coordenador geral da Vericéia Filmes, o objetivo principal da participação no Marché du Film é ampliar as conexões com mercados internacionais. 

“Queremos que mais pessoas conheçam os nossos filmes e possamos ampliar as conexões com mercados internacionais e distribuidores, conhecendo produtores e parceiros para projetos futuros”, afirma em nota à imprensa.

Lincoln Péricles ressalta que o foco está também na construção de parcerias sustentáveis e no fortalecimento da autonomia das narrativas periféricas.  

“Estamos buscando ativamente financiamento e parcerias para Sobre a Luta e Tesouro da Memória, mas também construir pontes, trocar experiências e fortalecer a autonomia na produção de narrativas que são essenciais para nós e para as comunidades de onde viemos”, explica.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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