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Projeto ‘Negro Muro’ inaugura mural na ABL em homenagem a Machado de Assis

Iniciativa é uma homenagem aos 185 anos do nascimento do escritor brasileiro
Monumento a Machado de Assis presente na fachada do Petit Trianon, sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.

Foto: Wikimedia Commons

3 de setembro de 2024

Em comemoração aos 185 anos do nascimento de Machado de Assis, completados em junho, o projeto Negro Muro vai inaugurar um painel de 18 metros com a figura do escritor e imagens alusivas a suas obras na Academia Brasileira de Letras (ABL), localizada no centro do Rio de Janeiro. 

A expectativa é de que a arte desenvolvida na lateral da instituição, que tem Machado como um dos fundadores, fique pronta na sexta-feira (6). O desenho contém referências à rua do Ouvidor, que Machado “dizia ser o rosto” do Rio de Janeiro e a letra M no estilo clássico de uma máquina tipográfica de sua época.

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O projeto também apresenta um corvo repousado nos postes como menção à sua atuação enquanto tradutor, uma foto de sua esposa Carolina como transeunte e uma imagem da suposta casa em que ele cresceu na Ladeira do Livramento.

Além disso, uma imagem de Machado criança, vendendo doces feitos por sua madrasta estão na composição, assim como a sua paixão por xadrez, o símbolo do dia mundial da consciência sobre a epilepsia e o “Periódico dos Pobres”, primeiro jornal a publicar um soneto do escritor, quando tinha apenas 15 anos.

O Petit Trianon, edifício histórico doado pelo governo francês à ABL em 1922, abriga a coleção pessoal do maior escritor brasileiro. O acervo reúne documentos, óculos pessoais de Machado, um pequeno caldeirão, móveis de sua casa e uma imponente estátua que, agora, ficará aos pés do mural.

Idealizado pelo produtor e pesquisador Pedro Rajão e pelo artista visual Cazé Arte, o projeto Negro Muro se intitula como uma ação contínua de mapeamento artístico da memória negra em murais públicos. 

Segundo Rajão, a proposta é criar uma cartografia negra do Rio de Janeiro através do muralismo, que também tem um braço educativo nos livros didáticos ou presencialmente com aulas, palestras e atividades em escolas, principalmente públicas. Ao todo, já são 60 murais pintados desde 2018.

Para os criadores, homenagear Machado de Assis é importante para reafirmar a negritude, ainda que não retinta, do escritor. “Ainda que em sua produção escrita não haja uma autoidentificação racial, é óbvio e notório que sua experiência enquanto homem negro marcou sua literatura e sua biografia e nosso papel enquanto projeto artístico e educativo é tornar óbvio (do latim obvius – “ob” a frente + “via” caminho), aos olhos dos transeuntes, a negritude de Machado”, compartilham.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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