O Quebrada Queer, conhecido como QQ, surgiu em junho de 2016 como o primeiro coletivo de rap LGBTQIA+ do mundo e fez grande sucesso em um gênero musical que já teve fama de machista. Formado por Apuke, Boombeat, Guigo, Harlley, Murillo Zyess e Tchelo Gomez, o grupo passou por um período de dois anos sem lançar uma canção nova e três, sem um videoclipe. O silêncio é quebrado com o single e o videoclipe ‘ABC do QQ’, com uma letra certeira sobre diversidade e autoestima.
A música traz um mix de estilos que tem ganhado espaço e destaque nos últimos anos, como o funk carioca, o trap e o hip hop. Com um forte discurso sobre as vivências e experiências do coletivo nos últimos anos, o Quebrada Queer apresenta um amadurecimento notável e um sarcasmo em resposta a tudo que aconteceu no Brasil e no mundo nos últimos anos.
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Segundo o grupo, esse trabalho também traz referências de histórias de luta, tal como a Tia Ciata – símbolo da resistência negra pós-abolição e uma das principais incentivadoras do samba quando as rodas ainda eram proibidas -, e Luana Barbosa – mulher, preta, lésbica, que em 13 de abril de 2016 foi assassinada após uma abordagem policial. A ambientação do videoclipe dentro de uma escola traz à tona uma discussão sobre as violências que pessoas LGBTQIA+ sofrem na fase escolar.
O Brasil, na visão do grupo, tem se mostrado ainda um desafio para quem está inovando na linguagem do rap. O país tem uma faceta muito conservadora e refratária ao discurso do Quebrada Queer. “Nada mudou e continuamos lutando para criar um ambiente seguro e menos tóxico para o que nos sucede, isso não é só por nós, mas para toda uma comunidade que tem o direito de existir nesse cenário, de ocupar esses espaços!”, diz o grupo QQ no texto de lançamento do single.
O apoio financeiro da marca Tommy Hilfiger foi fundamental para a retomada do trabalho do grupo. “A Tommy está abraçando mais do que apenas um coletivo, nesse sentido, estão abraçando a quebrada, as periferias e os artistas, seis artistas da quebrada! E isso é algo inédito! Seis artistas LGBTQIAP+ de periferias que fazem rap num país onde isso ainda é utópico”, avalia o Quebrada Queer que prepara novos lançamentos para 2022.
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