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Resistência de mulheres quilombolas inspira exposição em Minas Gerais

A exposição tem abertura, com roda de conversa, no dia 24 de agosto, às 18h, e fica disponível gratuitamente para visitação até 23 de novembro
Imagem mostra uma idosa de pele negra retinta.

Foto: Jéssica Lemos

18 de agosto de 2024

A Galeria Adro + Centro Cultural, em São João del-Rei, Minas Gerais, recebe a mostra individual “Qual a cor da sua pele?” da artista baiana Jessica Lemos, entre 24 de agosto e 23 de novembro. A exposição inclui três trabalhos – um ensaio fotográfico, uma instalação e uma videoperformance – que abordam a força e a resistência das mulheres quilombolas, conectando suas histórias às discussões contemporâneas sobre racismo e identidade de gênero.

Com sua pesquisa visual, Jessica Lemos explora temas que transcendem fronteiras regionais, convidando à reflexão sobre as experiências da afrodiáspora no Brasil.

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A curadoria da exposição, realizada por Ricardo Coelho, valoriza as qualidades plástico-poéticas dos trabalhos da artista e os aspectos conceituais de sua pesquisa, que explora a identidade da mulher negra e sua luta constante em um contexto marcado pelo racismo e pelo patriarcado.

“Mocamba”, o ensaio fotográfico central da exposição, homenageia as tradições quilombolas e o protagonismo feminino na comunidade do Quilombo Alto do Tororó, em Salvador. Localizado à beira da Baía de Todos os Santos, o quilombo, com suas aproximadamente 400 famílias, resiste ao tempo através da mariscada, da pesca e da agricultura familiar.

Em “Mocamba”, Jessica Lemos reinterpreta a figura da mulher quilombola, ressaltando sua força e espiritualidade, e subverte o termo “mucama”, associado à escravidão, transformando-o em símbolo de resistência.

Imagem da exposição inspirada em mulheres quilombolas.
Foto: Jéssica Lemos

A instalação “Qual a cor da sua pele?” é composta por 16 retratos de mulheres negras, apresentando uma variedade de tonalidades de pele, intercalados com quatro espelhos que permitem ao visitante se ver entre as retratadas. Um áudio ambiente, com relatos de mulheres refletindo sobre como as diferentes tonalidades de suas peles impactam suas experiências cotidianas em uma sociedade racista, acompanha a instalação, criando um espaço de autorreflexão e empatia.

Na videoperformance “A contar gotas”, exibida de forma contínua, o público é convidado a observar a tentativa da artista de extrair gotas de um frasco com a palavra “AFETO” no rótulo. As gotas caem com dificuldade em uma colher que nunca se enche, enquanto a artista luta para captar o líquido. A obra é uma poderosa metáfora para as problemáticas afetivas na vida de mulheres negras, que muitas vezes recebem pouco ou nenhum afeto, refletindo o racismo e as imposições de gênero que desumanizam suas experiências.

Conversa de artista

Na abertura da exposição, que ocorrerá no dia 24 de agosto, às 18h, haverá também a ação “Conversa de artista”, um bate-papo entre Jessica Lemos e o público, proporcionando um espaço para discussões sobre os temas abordados nas obras.

Para garantir acessibilidade, a conversa contará com tradução em Libras-Português (Língua Brasileira de Sinais), ampliando o alcance e a inclusão do evento. 

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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