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Vida de aposentada negra que viajou 4 continentes inspira peça de teatro

O espetáculo "Egoísta" conta a vida de Josefa Feitosa, mochileira, viajante, passageira do mundo que aos 64 anos já visitou 68 países
Josefa Feitosa em viagem na Eslovênia.

Foto: Reprosoção/Instagram/@joviajando

14 de junho de 2024

Mulher, mãe e avó, Josefa Feitosa, a , como gosta de ser chamada, está aposentada e vive como viajante percorrendo as estradas do mundo há oito anos. Nascida em Juazeiro do Norte, Ceará, trabalhou 30 anos no sistema carcerário cearense como assistente social em prol dos direitos humanos, criou três filhos sozinha e apoiou na criação de um neto.

“Eu me aposentei em outubro de 2016, trabalhei por 30 anos no sistema penal e quando eu saí, eu queria me libertar de tudo, de todas as amarras. Então eu comprei uma passagem pra Belém, a minha intenção era conhecer alguns estados do Brasil, e eu tinha alguns países em mente que eu gostaria de ir. Acabou que eu fui conhecendo muito mais, viajar foi muito mais fácil do que eu pensei. E pra mim foi um sonho realizado”, conta Jô.

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Desde 2020 Jô faz parte do coletivo Bitonga Travel, um coletivo que reúne mulheres negras viajantes no Brasil e no exterior. “A Bitonga Travel foi uma salvação pra mim no momento da pandemia, lá comecei a me interessar mais por tecnologia, fazendo lives por exemplo, e desde então seguimos juntas, faço palestras e viagens com as meninas, sempre que posso faço questão de estar com o grupo”, diz a aposentada.

Hoje, além de viver o sonho de liberdade, Jô se tornou uma inspiração na internet. Com quase 36 mil seguidores no Instagram, ela compartilha suas experiências e dicas de como viajar.

“Eu comecei a entender que o que eu tinha feito era grandioso, quando em 2019 um repórter da BBC fez uma entrevista comigo, e aí eu me conscientizei, principalmente depois de começar a receber mensagens de mulheres que como eu também queriam levar essa vida. Depois disso eu comecei a me ver como uma pessoa que podia ajudar em alguma coisa”, explica.

Josefa Feitosa, a Jô, em viagem pela Ásia. (Acervo pessoal)

A inspiração que a história de vida da Jô tem ultrapassou os limites da internet. O diretor de teatro Juracy Oliveira se sentiu tão tocado pela trajetória da viajante que resolveu transformar essa jornada em espetáculo, uma homenagem em vida à uma mulher de garra. O espetáculo “Egoísta”, inspirado na vida de Feitosa, conta de forma sensível e impactante sobre as memórias da infância até as viagens de Josefa. O objetivo, além da homenagem, é trazer ao público um debate sobre maternidade, etarismo e vida nômade.

“Quando soube dessa peça sobre mim, eu até sorri. Estou até agora tentando digerir, porque na minha concepção, eu achava que o que eu estava fazendo não era uma coisa assim, que fosse de impactar as pessoas, porque eu estava fazendo por mim e pra mim, só que chamou a atenção do público e das pessoas e eu nem sei como explicar porque é muita emoção, muita emoção mesmo, porque você ser homenageada em vida é muito diferente, e não é nem ser homenageada, é ser reconhecida socialmente através de um trabalho ligado a arte, como esse dos meninos. Eu estou muito lisonjeada com tudo isso que está acontecendo”, relata a aposentada.

A estreia do espetáculo acontece neste final de semana, no sábado (15) e (16) domingo, às 20h no teatro Dragão do Mar, em Fortaleza. Após exibição no Ceará, a peça irá para o Rio de Janeiro onde será apresentada pelo Sesc Pulsar no mês de julho. Os ingressos podem ser adquiridos através da plataforma Sympla.

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  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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