Música é parte do álbum “Minha Bossa é Treta”, lançado este ano pela cantora
Texto: Solon Neto / Edição de imagem: Solon Neto
“Alma Negra”, primeira faixa do recém lançado álbum de estreia, “Minha Bossa é Treta”, da cantora Yzalú, ganhou um vídeoclipe em outubro deste ano. Yzalú, que já prepara um álbum novo para o ano que vem, nos contou sobre o trabalho atual e a pegada política de suas músicas.
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O clipe não é o primeiro de “Minha Bossa é Treta”. Além de “Alma Negra”, outra duas faixas já tiveram clipes lançados, “É o Rap Tio” e “Deixo ir”. Ainda este ano, a cantora lançará um vídeo para a música “Figura Difícil”, e prevê o lançamento do “DVD Acústico Yzalú”.
Yzalú tem mostrado ao público influências de Jazz, Bossa Nova e Hip Hop em performances com letras que abordam a realidade da periferia brasileira, em especial de mulheres negras. Sua música mais conhecida chama-se, inclusive, “Mulheres Negras”.
Ela demonstra identificação com a questão racial para além das letras e palcos, com presença recorrente nos eventos e debates que frequenta. Ainda em 2015, em São Carlos-SP, o Alma Preta entrevistou a cantora durante as atividades de uma das primeiras reuniões de organização do que viria a ser o Encontro das Entidades Coletivos e Universitários Negros (EECUN), realizado em Maio deste ano no Rio de Janeiro.
Assista o clipe “Alma Negra” e leia abaixo a entrevista que fizemos com Yzalú.
Alma Preta: “Minha Bossa é Treta” é o seu primeiro album. Quais são as principais influências musicais do trabalho?
Yzalú: As minhas influências são a música brasileira, sobretudo, e o RAP, que é de onde vim, com muito orgulho. No CD “Minha Bossa é Treta” exploramos diversos ritmos do Rap ao Samba Jazz, Afrobeat e MPB, exploramos os ritmos, valorizando cada elemento sonoro, evidenciando a ambiência natural de cada instrumento, e eu fiquei muito feliz com o resultado.
AP: Quanto tempo durou o processo de gravação e onde foi gravado?
Yzalú: Dois anos e meio praticamente. Foi gravado no estúdio Raposo Records pelo produtor e guitarrista Marcelo Sanches. Foi uma experiência única trabalhar com o Marcelinho, ele definitivamente me entendeu, respeitando a minha música e o que eu queria dela.
AP: A música “Alma Negra” é a mais curta do álbum. Por que ela foi escolhida para realizar um videoclipe?
Yzalú: Não costumo colocar regras na minha música e este é um dos principais motivos que me inspirou a fazer a música “Alma Negra”, bem como o clipe, no qual eu agradeço muito o Vras77 [produtora] por acreditar na proposta. No entanto, acredito que o videoclipe conversa muito bem com os dias atuais, pois, hoje tudo é consumido de forma muito rápida, e as redes sociais potencializam esta nova forma de consumo. Hoje é muito comum ver as pessoas visualizando um vídeo curto no Instagram e não acessando o link para ver o conteúdo completo por exemplo, parece estranho mas é uma realidade. Então, procuramos fazer uma abordagem que se aproximasse desta nova cultura de consumo musical, preservando a mensagem e a qualidade do trabalho, e de verdade, eu acredito que funcionou muito bem, um videoclipe bem inovador, ousado, simples e direto!
AP: Mais uma vez a temática racial é vista ao longo do trabalho do album, muito forte nessa música, como em músicas anteriores. Qual o papel que você espera desempenhar com seu trabalho no debate racial?
Yzalú: Mais respeito, menos ignorância, para que possamos definitivamente viver em um mundo mais justo e igual. Sou apenas um grão de areia nesta imensidão, só que eu sei que não estou sozinha. Somos muitos, diversos, e representamos uma força que equilibra o planeta, com amor, sabedoria, respeito e resistência, não nos curvamos mais, me arrisco a dizer que estamos nos referindo a “Geração Indigo” para o desespero de alguns que não possuem nenhum interesse em uma sociedade mais madura e evoluída.
AP: Por último, uma curiosidade, por que a música “Mulheres Negras” não está nas faixas do album?
Yzalú: Mulheres Negras não está presente, mas faz parte, a áurea dela está inserida em cada detalhe do Álbum representando a continuidade. Esta música ganhou vida própria em 2012 se tornando um hino das mulheres negras, a magia da música está naquele vídeo gravado em 2012 e Minha Bossa é Treta significava uma nova fase da minha vida pessoal e musical, por este motivo resolvi preservar Mulheres Negras, mas pretendo mais pra frente fazer uma nova roupagem da música, ou até mesmo um remix.
Serviço:
Album: Minha Bossa É Treta
Artista: Yzalú
Faixas
01. Alma Negra
02. Minha Bossa é Treta
03. Arrumei o Barraco
04. Teu Sorriso
05. Deixa Pra Lá
06. Figura Difícil
07. #ÉoRapTio
08. Deixo Ir
09. Camin
10. Rua 4
11. Lamentos de Um Poeta
12. Figura Difícil (Remix)