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Max Maciel: “A periferia é o centro”

Pedagogo e ativista, Max Maciel concorre pela segunda vez à Câmara Legislativa do DF; em 2018, ele obteve mais de 8mil votos conseguindo a vaga de primeiro suplente pelo PSOL

A imagem mostra o candidato a deputado distrital Max Maciel (PSOL-DF).

Foto: Imagem: Vinícius de Araújo/Alma Preta com Reprodução

15 de setembro de 2022

Candidato ao cargo de deputado distrital pelo PSOL, na federação PSOL-REDE, Max Maciel é um expoente do movimento social das periferias do Distrito Federal. Com 39 anos de idade, ele concorre pela segunda vez e traz consigo o lema de colocar a periferia no centro das decisões políticas.

Max Maciel nasceu e cresceu em Ceilândia, região administrativa com 500 mil habitantes e que possui a maior parcela de jovens, segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). A Codeplan aponta que a proporção de jovens negros no Distrito Federal (61,8%) é superior à proporção de jovens negros em todo o Brasil (53,6%). 

Ceilândia é a cidade mais populosa do DF, fruto de um processo de higienização na capital federal que transferiu os trabalhadores, em sua maioria nordestinos, para um Centro de Erradicação de Invasões (CEI) a cerca de 30 km do Centro. Estes migrantes eram chamados de candangos e ocupavam regiões próximas ao centro de Brasília, pois desembarcaram na cidade para a sua construção.

Ativista, empreendedor social, pedagogo e especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Max Maciel leva consigo uma legião de jovens negros e periféricos que construíram, com o apoio de seus projetos, uma identidade própria. O candidato é idealizador do Jovem de Expressão, programa que promove a apropriação dos espaços públicos para produzir e acessar a arte e a cultura. Com ele, foram realizados cursos e eventos para a valorização da cultura urbana periférica, como festivais de hip hop, torneios de skate e basquete de rua, oficinas de artes visuais, além de outras atividades. O projeto já formou centenas de profissionais da cultura atuantes do DF. 

O pedagogo também é responsável por cursinhos populares que, somente este ano, colocaram mais de 120 jovens na Universidade de Brasília (UnB). Max Maciel ainda está com um projeto piloto que beneficia 30 jovens negros com uma bolsa de R$ 500, para que eles tenham suporte no ensino médio e para que façam o ENEM e consigam ingressar na UnB. Caso sejam aprovados, a iniciativa pretende acompanhá-los durante toda a vida acadêmica. 

Em 2018, Max Maciel concorreu ao cargo de deputado distrital, também pelo PSOL. Com uma campanha baseada apenas em ações voluntárias, recebeu 8.515 votos, conquistando uma vaga como suplente.

Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, o candidato afirmou que a cultura hip hop será uma das bases para seu mandato, caso seja eleito. Para ele, expressões como as rimas, as batalhas e os ritmos apropriados pela juventude são a aplicação da Lei 10.639/03, que orienta sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. 

“Levar a cultura hip hop para as salas de aula é muito importante. É a cultura negra viva e nós acreditamos que a educação deve ser participativa, com toda a sociedade se apropriando dessas ferramentas. É uma cultura que prega a união, a liberdade de expressão, a paz e deve ser valorizada”, diz Maciel. 

Dentre as propostas de governo do candidato estão a descentralização da cultura; o transporte público mais amplo e em tempo integral (24h); o passe livre estudantil funcionando aos finais de semana e nas férias; fortalecimento de iniciativas de empreendedorismo local, sustentável, solidário e da economia criativa, que promovam a cultura negra e o empoderamento. 

Além disso, ele também defende o passe livre para o setor da cultura, para que trabalhadores da cultura e demais interessados em formações técnicas e artísticas acessem espaços de formação; reversão da militarização das escolas públicas do DF; e a ampliação das creches e mais Casas de Acolhimento para Mulheres vítimas de violência doméstica, abuso e/ou ameaças de morte.

Max Maciel afirmou ainda que, para que seja possível a execução de um plano de ação voltado para a juventude negra, é necessário que o orçamento público seja bem executado e tenha rubricas próprias para essa finalidade.

“Queremos a participação popular na fiscalização do dinheiro da cidade, para onde está indo e o que está sendo feito com a grana que circula no DF”, salienta.

O candidato se autodeclara um homem negro de pele clara e entende que, dentro do processo histórico-social do país existe uma escala de privilégios em relação aos fenótipos raciais. Nesse sentido, ele entende que as políticas públicas eleitorais que descrevem como candidaturas negras aqueles cujos candidatos se declaram como pretos e pardos podem gerar distorções em grande escala. 

“É importante que a gente reconheça que as pessoas retintas têm muito menos privilégios que nós e que isso se soma a uma gama de vulnerabilidades. Por isso a gente precisa ficar atento a candidatos que queiram usar dessa amplitude racial para se beneficiar politicamente”, alerta. 

Para viabilizar a sua candidatura, Max Maciel conta com um financiamento coletivo onde as pessoas podem doar qualquer valor. “Realizamos tudo isso na cara e na coragem, imagina com um mandato. É possível fazer mais e nós convidamos a juventude negra para fazer parte disso”,conclui. 

Leia mais: DF: Candidaturas negras apresentam propostas e firmam compromisso com o MNU

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