Evento organizado pelo movimento negro no dia 18 de Outubro, quinta-feira, debate os impactos do fascismo na sociedade brasileira, ainda marcada pelo escravismo e o racismo, e propõe estratégias de resistência para vencer Jair Bolsonaro nas urnas e o conservadorismo no cotidiano
Texto / Pedro Borges
Imagem / Reprodução
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“No país da escravidão, de que fascismo falamos?” é o tema do encontro organizado pela Uneafro-Brasil, Aparelha Luzia e Núcleo de Consciência Negra (USP), que ocorre no dia 18 de Outubro, quinta-feira, das 19h às 22h, no Teatro Oficina, Rua Jaceguai, 520.
Os convidados para o debate são Maria José Menezes, Núcleo de Consciência Negra (USP), Xênia Eric Estrela França, artista, Andreia de Jesus, deputada estadual (PSOL- MG), Leci Brandão, artista e deputada estadual (PCdoB – SP), Erica Malunguinho, Aparelha Luzia e deputada estadual (PSOL-SP), e Douglas Belchior, professor da Uneafro-Brasil.
O encontro se propõe a discutir a ascensão de um projeto político conservador no Brasil, identificado na figura de Jair Bolsonaro (PSL), favorito a ganhar as eleições presidenciais no país no 2° turno, dia 28 de Outubro.
Douglas Belchior, um dos organizadores da atividade, conta que os efeitos do fascismo e racismo sempre caíram de maneira violenta sobre a população negra. O momento atual, contudo, merece destaque e cuidado, devido ao fortalecimento de um discurso conservador.
“É óbvio que em momentos como esse, quando os valores do fascismo se espalham ou ficam mais explícitos na sociedade, a tendência é que aqueles que sempre sofreram com as desigualdades e as injustiças e violências sofram mais ainda. O quadro que se desenha no Brasil, com a possível vitória do Bolsonaro, é gravíssimo para o povo”, afirma.
O professor da rede de cursinhos populares diz que todo o projeto político do candidato do PSL é marcado pelo racismo e pela reafirmação da comunidade negra em lugar de subalternidade.
“O que a gente percebe é que toda pauta política, todo programa defendido pelo Bolsonaro, é antes de qualquer coisa, um programa anti negro. Um programa anti direitos do povo negro quando ele nega a nossa existência, a existência do racismo no Brasil, a nossa organização política, a necessidade de políticas afirmativas dirigidas a essa população, e quando no espectro mais geral, defende a diminuição do Estado no atendimento social”.
A violência direcionada contra a comunidade negra exige uma organização política radical e coesa para os próximos anos, de acordo com Douglas Belchior. Para ele, é preciso se articular para virar votos de Jair Bolsonaro (PSL) para Fernando Haddad (PT), mesmo que existam críticas ao programa do Partido dos Trabalhadores.
“Enfrentar e derrotar Bolsonaro neste contexto não tem apenas a ver com derrota-lo eleitoralmente, tem a ver com garantir a nossa sobrevivência. O encontro da quinta-feira tem o propósito de animar a militância, a juventude, a população negra a se incorporar com radicalidade em apoio a campanha por Haddad, sem abrir das críticas ao PT”, afirma.