Na cidade do Rio de Janeiro, o candidato a vereador e babalorixá Dário Onísègun (PSOL-RJ) denunciou ataques de racismo religioso ao Comitê de Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento foi protocolado pelas advogadas responsáveis pelo caso, Camila Freitas Ribeiro e Mariana França.
A carta enviada à ONU, à qual a Alma Preta teve acesso, informa que o racismo religioso teve início logo no lançamento de sua campanha eleitoral nas redes sociais, em agosto de 2024.
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Desde então, o sacerdote é alvo de comentários discriminatórios envolvendo sua fé, como “Exu é um demônio do inferno” e “só sendo muito jumento para votar em um merda desse”.
Além da perseguição virtual, no dia 17 de setembro, o candidato teve seu carro pichado especificamente em cima de seu adesivo de campanha, que destaca sua posição religiosa. No adesivo, foram escritos os termos “ArMaria” , “Tisconjuro” e “CRV2eCrer”, interpretado pelas advogadas como “Ave Maria, “Desconjuro” e “Cristo Vive e Crê”.
Em entrevista exclusiva à Alma Preta, Pai Dário explica que decidiu levar a manifestação à cúpula da ONU tanto para própria proteção como para a proteção daqueles que frequentam a casa ou fazem parte das religiões de matriz africana.
“Resolvi denunciar os ataques para me proteger e proteger os meus. Foi para acender um alerta para as autoridades. Pedi para a Polícia Civil investigar as câmeras da rua onde a intolerância religiosa foi cometida, não sei quem está ao meu redor. A Decradi irá pedir informações à Meta sobre quem me ataca virtualmente”, declarou o babalorixá.
O caso foi registrado na Delegacia Especializada no Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). No boletim de ocorrência, o crime foi tipificado no artigo 20 da legislação que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. O trecho em específico criminaliza aquele que “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Para a defesa, o impacto das agressões não vitima apenas o sacerdote, mas também toda a sociedade brasileira e internacional. “A gravidade das ofensas, especialmente por serem perpetradas na rede mundial de computadores, evidencia um cenário alarmante durante um processo eleitoral, criando um ambiente de hostilidade e discriminação”, diz trecho da denúncia.
A manifestação também foi enviada ao Ministério da Igualdade Racial (MIR) e destaca um levantamento realizado pela ONG Safernet, em 2022, o qual aponta para um crescimento de 522% nas ocorrências de violações contra os direitos humanos cometidas na internet.