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Bolsonaro segue inelegível até 2030, diferentemente do que alega vídeo viral

Publicações enganam ao afirmar que Jair Bolsonaro (PL) foi inocentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
O ex-presidente Jair Bolsonaro gesticula durante uma entrevista coletiva sobre sua defesa no caso do Supremo Tribunal Federal sobre atos contra a democracia brasileira em 8 de janeiro de 2023, na chegada ao aeroporto de Brasília em 6 de março de 2025.

O ex-presidente Jair Bolsonaro gesticula durante uma entrevista coletiva sobre sua defesa no caso do Supremo Tribunal Federal sobre atos contra a democracia brasileira em 8 de janeiro de 2023, na chegada ao aeroporto de Brasília em 6 de março de 2025.

— Sergio Lima/AFP

14 de março de 2025

Publicações enganam ao afirmar que Jair Bolsonaro (PL) foi inocentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Vídeos de 2023 do ex-ministro do TSE Benedito Gonçalves circulam sem contexto e como se fossem atuais em meio às denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. No vídeo verificado pelo Comprova, Gonçalves rejeitava uma das ações contra Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade em outros dois processos.

Conteúdo investigadoVídeos que mostram trecho de pronunciamento do ex-ministro do TSE Benedito Gonçalves, acompanhados de textos que afirmam que Jair Bolsonaro foi inocentado pela Justiça.

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Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeos que circulam nas redes sociais retiram de contexto um pronunciamento do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves. As publicações mostram um trecho do voto do magistrado em julgamento do TSE, realizado em 17 de outubro de 2023. Na ocasião, o tribunal julgou improcedente uma ação ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra Bolsonaro. O processo não tem relação com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030 ou com as recentes denúncias contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

A ação do PDT acusava Bolsonaro de abuso de poder político. A alegação era de que ele teria realizado uma live com apoiadores nas dependências do Palácio do Planalto, no dia 18 de agosto de 2022. Segundo a acusação, além de utilizar o mobiliário do prédio público, Bolsonaro teria contado com o serviço de intérprete de Libras custeado pelo Estado. Por decisão unânime, o TSE rejeitou a condenação nesse caso. O vídeo investigado mostra o voto de Benedito Gonçalves, relator do processo.

Em meio às denúncias da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro por tentativa de atacar o Estado Democrático de Direito, as publicações enganam ao ocultar informações sobre a origem do vídeo e o contexto da fala do ministro. O ex-presidente não foi condenado no caso da live, mas em junho de 2023, outro julgamento retirou o seu direito de disputar eleições por oito anos.

Por maioria de votos, o TSE declarou Bolsonaro inelegível até 2030. Os ministros avaliaram que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele foi condenado por realizar uma reunião com embaixadores em julho de 2022 e atacar sem provas o sistema eleitoral. Em outubro do mesmo ano, foi condenado novamente. Dessa vez, por utilizar a celebração do 7 de setembro, data da Independência do Brasil, como plataforma de campanha eleitoral.

O ex-presidente recorreu ao TSE, que manteve a decisão. Apesar de somar dois processos que resultaram em inelegibilidade, as condenações não são acumulativas. Portanto, o prazo segue sendo de oito anos sem a possibilidade de disputar eleições.

O inquérito mais recente, de fevereiro deste ano, segue em andamento. As manifestações de defesa dos denunciados, inclusive de Bolsonaro, estão sendo analisadas pela PGR. O ex-presidente é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

O Comprova entrou em contato com os autores das publicações, mas não obteve respostas até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 10 de março, os vídeos acumulavam mais de 3 milhões de visualizações no TikTok.

Fontes que consultamos: Consultas ao site e ao canal do TSE no YouTube, pesquisas por reportagens sobre os processos eleitorais envolvendo Bolsonaro, além de busca reversa por meio do Google Lens, que resultou em diversas notícias sobre os julgamentos que tornaram o ex-presidente inelegível.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Outras iniciativas de checagem como Aos Fatos e Estadão Verifica atestaram que não houve mudança na situação eleitoral do ex-presidente. Além disso, posts que desinformam sobre assuntos relacionados à Justiça Eleitoral são recorrentes. O Comprova já publicou que não é verdade que PT ofereceu R$ 50 bilhões para TSE tornar inelegíveis integrantes do PL e também que é enganoso que Alexandre de Moraes tenha admitido fraude nas eleições.

Texto originalmente publicado no Projeto Comprova, do qual a Alma Preta faz parte.

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  • O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.

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