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Candidatos ligados a religiões de matriz africana somam 3% nas eleições municipais

Levantamento do grupo Ginga-UFF qualificou dados do TSE para analisar candidatos por identificação religiosa no país
Imagem mostra duas mulheres de costas. Elas vestem roupas e usam adereços de religiões de matriz africana.

Foto: Reprodução

28 de setembro de 2024

Das 8.731 candidaturas para as eleições municipais de 2024 com viés religioso no Brasil, 284 estão associadas a crenças de matriz africana (3,3%). É o que aponta o levantamento do grupo de pesquisa Ginga da Universidade Federal Fluminense (Ginga-UFF).

O estudo foi realizado com base em dados coletados no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas redes sociais dos candidatos, por meio de busca por palavras-chave referentes às religiões e em sites de notícias. A pesquisa identificou, ainda, 157 candidaturas católicas (1,8%) e 8.290 evangélicas (94,9%).

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O estudo observa a composição do perfil de afrorreligiosos no universo da política eleitoral, em contraste com os demais segmentos religiosos, e evidencia que os estados com mais postulantes dentro desse perfil são: Bahia (50 candidaturas, 17,6%), São Paulo (48 candidaturas, 16,9%), Rio Grande do Sul (45 candidaturas, 15,8%) e Rio de Janeiro (41 candidaturas, 14,4%); enquanto no Amapá, Roraima, Acre e Mato Grosso do Sul não foram identificados representantes.

No Rio, 10% dos candidatos são afrorreligiosos

No contexto estadual, 41 das 395 candidaturas religiosas (10,4%) estão associadas a crenças de matriz africana. Além da capital, Niterói, Duque de Caxias e São João de Meriti são os municípios que apresentam mais concorrentes de terreiro; já os evangélicos somam 88,4% e os católicos 1,3%. A pesquisa também relaciona os dados coletados com os cargos em disputa; a cor, raça e gênero dos candidatos; os partidos pelo qual concorrem; o grau de instrução; e a ocupação de cada um. 

Com foco no gênero, a análise observa diferenças significativas entre os grupos religiosos. As candidaturas femininas predominam entre o segmento de matriz africana, representando 63,4% do total. O perfil oposto é encontrado nos postulantes cristãos, dado que, entre os evangélicos, 71,1% dos candidatos são homens e as cinco candidaturas católicas identificadas são masculinas. 

O estudo revela um panorama de diversidade racial entre os candidatos religiosos nas eleições municipais de 2024, com destaque para as particularidades nos diferentes segmentos e uma predominância de candidatos negros. Entre os perfis analisados, 83% dos concorrentes afro e 70,5% dos evangélicos se autodeclaram pretos ou pardos. As candidaturas católicas, por outro lado, apresentam 60% de brancos.

Os católicos também representam a maior frequência de candidatos religiosos com ensino superior completo (40%), seguido pelos afrorreligiosos (26,8%) e pelos evangélicos (17,8%). Aprofundando o grau de instrução formal, as candidaturas de religiosos de matriz africana apresentam ensino médio ou ensino superior completo em 82,9% dos casos. Para candidaturas evangélicas este percentual é de 65,9%. Entre os católicos, todos têm, ao menos, o ensino médio completo.

Em relação à filiação partidária, o levantamento revela a capilaridade dos evangélicos independente do espectro ideológico. Em contrapartida, os afrorreligiosos apresentam maior proximidade com o PSOL (29,3%) e concentram as candidaturas em partidos progressistas, como: PSB (17,1%), PDT (14,6%) e PT (7,3%).

A pesquisa do Ginga-UFF complementa os dados disponibilizados pelo TSE com informações sobre religião ou pertencimento religioso e proporciona ferramentas de análise para entender esse aspecto dentro do processo político e do ativismo político de grupos específicos. Os resultados corroboram o fato de os evangélicos se apresentarem como aqueles que mais incorporam formas de se autoidentificar ao nome registrado na urna, e sinaliza que lideranças afrorreligiosas despontam no cenário político.

Com informações do site da UFF.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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