PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Casal Antônia Lúcia e Silas Câmara estão entre os 135 deputados negros; confira dados

Além de casados, ambos são bolsonaristas e líderes da igreja Assembleia de Deus; os dois já foram condenados por improbidade administrativa

Imagem: Reprodução

Foto: Imagem: Reprodução

6 de outubro de 2022

Apesar das pessoas negras contabilizarem 135 deputados federais eleitos, muitos são os questionamentos sobre a composição desse grupo que, segundo critérios do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é composto por pretos e pardos. Um dos destaques da lista é o casal formado por Antônia Lucia (Republicanos-AC) e Silas Câmara (Republicanos-AM). Bolsonaristas, ambos são líderes da igreja Assembleia de Deus e colecionam problemas com a justiça. No caso mais recente, os dois foram condenados por improbidade administrativa.

Entre junho de 2009 a dezembro de 2012, foram gastos R$ 63 mil em contas telefônicas no gabinete de Silas na Câmara de Deputados com ligações particulares de Antônia Lucia. Segundo informações do G1, a condenação em 1ª instância foi emitida pelo juíz federal Herley da Luz Brasil. Silas já havia sido acusado de peculato, falsidade ideológica, apropriação indébita, entre outros crimes.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Cada membro do casal concorreu por um estado diferente. No Acre, Antônia Lucia obteve 16.280 votos. Enquanto Silas Câmara, no Amazonas, recebeu 125.068 votos, ficando em quarto na classificação geral do maior estado brasileiro em área.

Na lista, classificados como negros, ainda é possível identificar outros nomes de partidos aliados do presidente Jair Bolsonaro como o deputado estadual do Tocantins, Ricardo Ayres (Republicanos-TO), o deputado estadual do Pará, Delegado Caveira (PL-PA) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Além de deputados de partidos da oposição como a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), e o ex-secretário municipal de Saúde de Salvador, Léo Prates (PDT-BA).

mosaico candidatos matériaFotos nas urnas dos deputados citados. Em cima: Antônia Lucia, Silas Câmara, Arthur Lira e Delegado Caveira. Embaixo: Ricardo Ayres, Alice Portugal e Léo Prates. | Fotos: Reprodução/TSE

Em julho deste ano, a Alma Preta publicou uma matéria sobre a autodeclaração de Arthur Lira (PP-AL) como pardo (logo, negro, segundo critérios do TSE) e ao ser questionado sobre a sua autodeclaração racial, Lira não quis se pronunciar.

A Alma Preta também buscou os demais deputados citados na matéria, mas não obtivemos retorno. Não conseguimos contato com o deputado Delegado Caveira (PL-PA).

Os dados foram levantados a partir de informações do TSE obtidas pelo programador Paulo Mota, integrante do Data_Labe, laboratório de dados e narrativas localizado na favela da Maré, no Rio de Janeiro.

Conforme levantamento, das 4.651 candidaturas autodeclaradas negras para deputado federal, apenas 135 foram eleitas, o que representa uma queda de 26,4% em proporção ao percentual de candidaturas.

Em contrapartida, dos 4.914 candidatos autodeclarados brancos, 369 se elegeram ao Legislativo Federal, com aumento de 71,9% na proporção com as candidaturas.

Em relação aos indígenas, 53 lançaram candidatura para deputado (a) federal, o que dá um percentual de apenas 0.5% dos candidatos. Das 53 candidaturas indígenas, apenas cinco foram eleitas.

Gráfico mostra divisão dos deputados eleitos por raça.Gráfico mostra divisão dos deputados eleitos por raça. | Créditos: Alma Preta Jornalismo

Partido dos eleitos

Segundo levantamento do Data_Labe, a maioria dos deputados eleitos integram partidos de direita, com 286 eleitos. Já os deputados da esquerda eleitos somam 117 e os de centro com 110 eleitos.

Gráfico mostra divisão das candidaturas eleitas por espectro político.Gráfico mostra divisão das candidaturas eleitas por espectro político. | Créditos: Alma Preta Jornalismo

Comparativo com 2018

Em comparação com as eleições de 2018, a proporção de deputados federais brancos diminuiu em 3,3% em relação a 2022. Já o número de deputados federais negros cresceu em 2,2%.

Nas eleições de 2018 foram eleitos 386 candidatos autodeclarados brancos, enquanto os autodeclarados negros totalizaram 124 eleitos. Já em 2022, o número total de eleitos brancos reduziu para 369 e o total de eleitos negros subiu para 135.

Em 2018, apenas uma candidatura indígena foi eleita. Já neste ano, cinco conquistaram uma vaga na Câmara dos Deputados.

Gráfico mostra comparativo entre as eleições de 2018 e 2022 no quesito raça dos deputados eleitos.Gráfico mostra comparativo entre as eleições de 2018 e 2022 no quesito raça dos deputados eleitos. | Créditos: Alma Preta Jornalismo

Gênero de candidatos e eleitos

Das 9.713 candidaturas registradas para deputado federal neste ano, 6.289 eram do gênero masculino (64,7%) e 3.424 eram do gênero feminino (35,3%).

Apesar das mulheres representarem 35% das candidaturas, apenas 17,7% foram eleitas, totalizando 91 mulheres eleitas ao cargo de deputada federal.

Em relação àqueles do gênero masculino, 422 se elegeram como deputado federal, o que representa um percentual total de 82,3%.

Gráfico mostra divisão dos deputados eleitos por gênero.Gráfico mostra divisão dos deputados eleitos por gênero. | Créditos: Alma Preta Jornalismo

Proporção de votos

Das 513 candidaturas eleitas, a proporção de votos pelas Unidades Federativas (UFs) aponta que Amom Mandel (Cidadania – AM) alcançou a maior proporção no estado do Amazonas, com 14,49% dos votos.

Em contrapartida, Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), integrante do partido do atual presidente Jair Bolsonaro, foi o deputado federal eleito com a menor proporção dos votos, com 0,28%.

Leia também: Rogério Marinho está entre os seis senadores eleitos classificados como negros

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano