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Como a política de combustíveis adotada pelo governo prejudica a população pobre e negra?

1 de junho de 2018

Manifestação chega no 12º dia e empresários aproveitam para subir os preços

Texto / Thalyta Martins
Imagem / O Popular

A greve dos caminhoneiros, que começou em 20 de maio, continua. A paralisação repercute nos preços de produtos que têm forte demanda e sofreram alterações na distribuição por conta dos bloqueios nas estradas.

A escolha do ex presidente da Petrobras, Pedro Parente, e do presidente da república, Michel Temer, que abriu as portas para o mercado internacional determinar o preço dos combustíveis no Brasil em julho de 2017, é um dos principais motivos da paralisação. Desde a decisão, o preço do diesel, material derivado do petróleo, por exemplo, aumentou em 50%.

Salários

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de 2017 mostrou que pretos e pardos, pessoas que compõem o grupo de negros de acordo com o IBGE, têm rendimento de 67,8% dos demais conjuntos raciais do país. O salário médio da população negra ocupada ficou em R$ 9,10 por hora, enquanto dos não negros chegou aos R$ 13,41 por hora.

O contraste também é verificado nos salários. Segundo dados de 2017 do IBGE, a média salarial do trabalhador preto e pardo é de R$ 1.531, enquanto a do branco é de R$ 2.757, quase o dobro.

Produtos e valores

A Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fez uma média dos valores do gás de cozinha por região. Entre 20 e 26 de maio, o preço médio foi R$ 77,90 no Centro-Oeste, R$ 64,22 no Nordeste, R$ 74,21 no Norte, R$ 65,14 no Sudeste e R$ 68,28 no Sul. Os preços máximos – e na maioria dos locais os cobrados – encontrados foram de R$ 110, R$ 90, R$ 95, R$ 99 e R$ 88, respectivamente.

Quem compra um gás no centro-oeste, região que apresentou o preço médio mais caro indicado pela ANP, com um salário médio de um brasileiro negro, gasta 5% do rendimento para cozinhar usando o método convencional. Enquanto que quem ganha o salário médio de uma pessoa branca destinará apenas 2,8% da renda mensal para comprar um botijão.

Um outro setor que sofreu consequências com o desabastecimento foi o alimentício. Os valores aumentaram. Por exemplo, um saco de batata lisa de 50 quilos que era vendido na Ceasa do Rio de Janeiro por R$ 74,00 foi vendida na semana do dia 23 de maio por R$ 350,00. Um aumento de mais de 300% que impacta diretamente o bolso de quem tem os menores salários pois será repassado para o consumidor.

No dia 29 de maio, o preço da batata na região serrana do Rio de Janeiro chegou a R$ 7,99. Antes dos desabastecimentos o consumidor pagava por quilo R$ 2,45.

Supondo que uma família consome um quilo de batata por semana, antes da greve, que foi causada por políticas do governo de Michel Temer, pagava-se em média R$ 9,80 por mês para comer o legume todas as semanas pagando R$ 2,45 por quilo. Durante a greve, se essa mesma família quiser consumir a mesma quantidade do alimento, vai pagar, em média R$ 31,96. Esse valor corresponde a 2% do salário médio de um brasileiro negro (R$ 1.531) e 1,1% do salário médio de um brasileiro não negro.

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