Pesquisar
Close this search box.

CPI do Enquadro quer investigar racismo em abordagens policiais de SP

Proposta de criação da CPI foi apresentada pelos deputados Jesus dos Santos (PDT), Érica Malunguinho (PSOL) e Leci Brandão (PCdoB) e deve enfrentar barreiras para ser aprovada em função do perfil conservador da ALESP (Assembleia Legislariva de São Paulo)

Texto: Juca Guimarães | Edição: Nataly Simões | Imagem: Kethlyn Jesus/ Secretaria de Desenvolvimento Regional

deputados vão propor a criação de uma CPI do enquadro

26 de julho de 2021

O co-deputado Jesus dos Santos (PDT), da Mandata Ativista, e as deputadas Érica Malunguinho (PSOL) e Leci Brandão (PCdoB) apresentaram uma proposta de CPI do Enquadro na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). O objetivo da Comissão Parlamentar de inquérito é investigar prática racistas realizadas durante abordagens policiais. 

Para avançar na casa legislativa, a proposta precisa de, no mínimo, 32 assinaturas dos deputados estaduais. Ao todo, a Alesp tem 94 parlamentares. O co-deputado estima que já estão garantidas entre 15 e 20 assinaturas. De acordo com o regimento, podem ser instaladas até seis CPIs ao mesmo tempo.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A proposta de criação da CPI do Enquadro surgiu de um debate com entidades da sociedade civil organizada e da Frente Parlamentar pela Promoção da Igualdade Racial e em Defesa dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais da Alesp. A comissão faz parte de um pacote de medidas antirracistas apresentadas pela Mandata Ativista, que inclui a ampliação dos períodos de atendimento da Ouvidoria da Polícias e a criação de mais unidades da Defensoria Pública em todas as comarcas do Estado de São Paulo.

De acordo com o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), formado por advogados e defensores de direitos humanos, em 2020 a Polícia Militar do Estado de São Paulo realizou cerca de 12 milhões de abordagens, o que representa aproximadamente um terço da população.  No entanto, foram realizadas menos de 100 mil prisões em flagrantes, o que representaria algo em torno de 0,8% de prisões para o total de abordagens.

Além dos critérios usados pelos policiais para identificar quem são as pessoas que vão passar pela abordagem e os métodos adotados, principalmente nas periferias, a CPI também pretende debater a adoção de políticas antirracistas nas forças de segurança pública.

“A CPI do Enquadro é um dos instrumentos que usaremos no combate ao racismo estrutural, fazendo assim de 2021 o ano que não deixaremos passar em branco demandas históricas e que custam, muitas vezes, vidas da população preta”, explica o co-deputado Jesus dos Santos, em nota enviada à Alma Preta Jornalismo.

Um dos desafios para  o avanço da CPI do Enquadro é o perfil conservador das casas legislativas brasileiras. De 2010 a 2020, foram 25.452 candidaturas de policiais e membros das Forças Armadas, com um total de 1.860 eleitos até as últimas eleições, em 2018, segundo o levantamento coordenado pelo pesquisador Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Na disputa de 2020, 87,6% dos candidatos policiais se lançaram por legenda de direita ou de centro-direita. Em 2018, eram 90%, e em 2010, eram 76,2%. Na Alesp, por exemplo, existem cerca de 15 deputados que se elegeram com nomes de campanha que tinham alguma relação com as forças de segurança pública.

Leia também:

 PM de SP atinge menor índice de letalidade em 8 anos após uso de câmeras nos uniformes

Leia Mais

Destaques

AudioVisual

Podcast

Cotidiano