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Diretores pedem demissão da Palmares e acusam Sérgio Camargo de autoritarismo

Pedido de demissão coletiva aponta falta de diálogo e “interferência externas” nas decisões e reuniões de diretoria; presidente do órgão não comentou as acusações e disse que nomes serão substituídos

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: FCP

Palmares

12 de março de 2021

Três membros da direção da Fundação Cultural Palmares (FCP), nomeados na gestão do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), assinaram um pedido coletivo de demissão. No documento, eles acusam Sérgio Camargo, atual presidente do órgão, de ser autoritário e permitir interferências externas.

A carta de demissão diz que os diretores, mesmo sendo maioria, não tiveram suas posições respeitadas em “decisões cruciais” de projetos, ações e políticas públicas da Fundação. Além disso, eles viram fracassadas “inúmeras tentativas de interlocução” com Camargo.

O trecho mais grave da carta, que não foi detalhado pelos ex-diretores, é que pessoas que não eram da diretoria e “não tinham prerrogativa de voto” participavam das reuniões e “interferiam nas decisões”.

O pedido coletivo de demissão é assinado por Ebnézer Nogueira (ex-diretor do departamento de fomento e promoção cultural), Raimundo Nonato Chaves (ex-coordenador geral do centro nacional de informação e referência da cultura negra) e Roberto Concentino Braz (ex-coordenador geral de gestão interna).

Em resposta, pelo Twitter, Camargo disse que o compromisso da Palmares é com a “satisfação do público, não dos gestores”. Segundo o presidente, os gestores que pediram demissão serão substituídos nos próximos dias.

Ebnézer assumiu o cargo em abril de 2020, Raimundo Nonato em maio de 2020 e Concentino Braz em setembro de 2020. Concentino era da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), do Ministério da Agricultura, onde foi auditor interno por 15 anos. Em setembro de 2020, a agência Alma Preta fez uma solicitação de informação para a Palmares sobre a participação de Braz em reuniões estratégicas da Fundação, quando não tinha oficialmente nenhum cargo na instituição. Em 11 de setembro, o nome dele foi confirmado como coordenador-geral de gestão interna.

Para o professor Nelson Fernando Inocêncio da Silva, 60 anos, membro do instituto de artes da Universidade de Brasília, a ruptura na direção da Fundação não foi por questão de conflito no campo ideológico e sim pelo ritmo e caminhos tomados nas ações de sucateamento do órgão.

“O descontentamento é porque o projeto de desmantelamento não tem a celeridade que eles gostariam. Não é por a Fundação não estar respondendo aos anseios da comunidade negra. Quem tem o mínimo de sensatez em relação às políticas e combate ao racismo não participaria de uma gestão como essa”, considera o professor, que atua no movimento negro desde os anos 70 e ajudou a fundar o Centro de Estudos Afro-Brasileiros, primeira entidade negra do Distrito Federal, em 1978.

Para Nelson, o propósito do projeto é chegar no fechamento da Fundação. “Eles são todos do mesmo campo ideológico. Não existem divergências sobre isso”, comenta o professor.

A nomeação de Sérgio Camargo para a presidência do órgão, em 2019, chegou a ser suspensa pela Justiça por conta das opiniões públicas dele contra as bandeiras de luta do movimento negro e contra as diretrizes da Fundação, que são previstas na Constituição. Camargo só conseguiu assumir o cargo depois que a decisão foi derrubada.

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