PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Dos 37 ministros de Lula, 10 se autodeclaram negros

Lula e seus ministros foram empossados no último domingo (1) em Brasília; Juscelino Filho, novo ministro das Comunicações, mudou a autodeclaração de branco para pardo na última eleição
Foto de Lula e seus ministros em cerimônia de posse.

Foto: Divulgação/ Ricardo Stuckert

2 de janeiro de 2023

Por: Fernanda Rosário

No último domingo (1), Luiz Inácio Lula da Silva foi empossado pela terceira vez como presidente do Brasil acompanhado dos seus recém-nomeados integrantes dos 37 ministérios criados. Dentre os novos ministros, dez se autodeclaram negros.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Na atual gestão de Lula, as pessoas negras que vão compor os ministérios serão: Anielle Franco, como ministra da Igualdade Racial; Luciana Santos, como ministra da Ciência e Tecnologia e Inovações; Margareth Menezes, como ministra da Cultura; Marina Silva, que ocupará novamente o cargo de ministra do Meio Ambiente; Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos; Flávio Dino, como ministro da Justiça e da Segurança Pública; Juscelino Filho, como ministro das Comunicações; Rui Costa, como ministro da Casa Civil da Presidência da República; Carlos Lupi, como ministro da Previdência Social; e Waldez Góes no Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.

Para o levantamento racial dos ministros, a Alma Preta Jornalismo deu preferência à autodeclaração de raça feita em sites oficiais, como o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para os casos de ministros que já ocuparam algum cargo público. Para outras situações, foram consideradas declarações públicas encontradas.

Confira quem são os ministros negros da gestão de Lula:

Fotos de Anielle Luciana e Margareth

Anielle, Luciana e Margareth | Crédito: Divulgação, Diego Galba e TV Globo/Fábio Rocha

A ativista Anielle Franco foi nomeada ministra da Igualdade Racial. Nascida na comunidade carioca da Maré, no Rio de Janeiro, formou-se em Jornalismo e em Inglês e Literatura. Atualmente, está concluindo o mestrado em Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela é fundadora do Instituto Marielle Franco, criado após o assassinato de sua irmã, a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco.

A pernambucana Luciana Santos (PCdoB) foi nomeada ministra da Ciência e Tecnologia e Inovações. Formada em Engenharia Elétrica, sua trajetória na política foi iniciada com a participação em movimentos estudantis. Presidente nacional do PCdoB, Luciana já cumpriu dois mandatos como deputada federal, além de integrar comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Desenvolvimento Urbano e de Cultura. Anteriormente, foi deputada estadual, prefeita de Olinda por dois mandatos e, em 2018, foi eleita a primeira mulher vice-governadora de Pernambuco.

A cantora e compositora baiana Margareth Menezes foi nomeada ministra da Cultura da nova gestão. Considerada um ícone do carnaval baiano, com 35 anos de carreira artística, ela fundou há 18 anos, em Salvador, a Associação Fábrica Cultural, uma organização social sem fins lucrativos que desenvolve projetos nos eixos de cultura, educação e sustentabilidade.

Fotos de Marina Silvio e Dino

Marina, Silvio e Flávio | Crédito: Reprodução e Sergio Dutti/ Wikipedia

A ambientalista e historiadora Marina Silva (Rede) ocupará pela segunda vez o cargo de ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Ela exerceu essa função entre 2003 e 2008, também durante o governo Lula. Ela é dona de uma longa carreira na política, tendo sido vereadora de Rio Branco, deputada estadual e senadora pelo Acre e, nas últimas eleições, foi eleita deputada federal por São Paulo. Marina foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre, ao lado do seringueiro Chico Mendes.

O professor universitário, advogado, jurista e filósofo Silvio Almeida foi nomeado ministro dos Direitos Humanos e Cidadania. Há mais de 20 anos, ele atua a favor da diversidade, na luta pelos direitos humanos e contra o racismo, sendo autor de obras como “Racismo Estrutural” (Pólen Livros, 2019). Também presidiu o Centro de Estudos Brasileiros do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e o Instituto Luiz Gama, organização de direitos humanos voltada à defesa jurídica de causas populares. Em 2021, foi o relator da comissão de juristas criada pela Câmara dos Deputados para propor o aperfeiçoamento da legislação de combate ao racismo estrutural e institucional no País.

O ex-governador e senador eleito pelo Maranhão nas últimas eleições, Flávio Dino (PSB), foi nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública. Ex-juiz federal, ex-deputado federal, Dino, no governo Dilma Rousseff, foi presidente da Embratur. Advogado e professor de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) desde 1993, tem mestrado em direito público pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Fotos de Juscelino Rui Carlos e Waldez

Juscelino, Rui, Carlos e Waldez | Crédito: José Cruz/Agência Brasil e Reprodução

Juscelino Filho (União Brasil) é uma das pessoas negras que compõem o novo governo como ministro das Comunicações. Conforme a autodeclaração disponibilizada no site do Tribunal da Justiça Eleitoral (TSE), ele se autodeclara pardo. De acordo com informações do Metrópoles, Juscelino Filho havia se declarado branco em 2014 e 2018, mas passou a se declarar pardo em 2022. Nascido em São Luís (MA), Juscelino Filho é graduado em Medicina pelo Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma). Nas eleições de outubro de 2022, foi reeleito para seu terceiro mandato consecutivo de deputado federal. É vice-líder do União Brasil na Câmara.

Rui Costa (PT), que se autodeclarou pardo em 2014 e 2018 no TSE, foi nomeado como ministro da Casa Civil da Presidência da República. Economista formado pela Universidade Federal da Bahia, ele foi governador da Bahia, eleito em 2014 e reeleito em 2018. Também foi secretário de Relações Institucionais no governo de Jaques Wagner. Além disso, foi vereador de 2000 a 2007. Três anos depois foi eleito deputado federal, mas licenciou-se para assumir o cargo de secretário da Casa Civil da Bahia, em janeiro de 2012.

Carlos Lupi (PDT), que se autodeclarou pardo em 2014, segundo o TSE, foi nomeado ministro da Previdência Social. Atual presidente do PDT, ele foi ministro do Trabalho e Emprego entre 2007 e 2011, durante a segunda gestão do presidente Lula e o primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff. Foi deputado federal pelo Rio de Janeiro de 1991 a 1995 e exerceu a função de secretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Waldez Góes (PDT), autodeclarado pardo nas eleições de 2014 e 2018, foi nomeado ministro da Integração e Desenvolvimento Regional. Técnico agrícola e formado em Políticas Públicas pela Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele governou o estado do Amapá por quatro mandatos, sendo o último iniciado em 2018. Góes se filiou ao PDT em 1989. Um ano depois se elegeu deputado estadual e foi reeleito quatro anos depois.

Mais nomeações de negros desde a redemocratização

Conforme noticiado anteriormente na Alma Preta Jornalismo, com essas escolhas ministeriais, Lula se tornou um dos Chefes de Estado brasileiro com mais nomeações de negros desde a redemocratização. Ao anunciar os últimos nomes na última quinta-feira (29), Lula cobrou empenho dos indicados e disse que é preciso “fazer a máquina funcionar porque o povo não pode esperar”.

Desde o final da Ditadura Militar até hoje, o país terá ao menos 24 ministros negros. Desde 1990, segundo o levantamento, os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff foram os que mais somaram pessoas negras em cargos ministeriais. Foram oito pessoas negras diferentes ocupando cargos de ministros entre os anos de 2003 e 2016.

Leia também: Com terceiro governo Lula, Brasil chegará a 24 ministros negros desde a redemocratização

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano