O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais 2022, divulgado na noite deste domingo (2), evidencia como a política institucional ainda é bastante desproporcional com as mulheres e o povo negro, que representa a maioria da população brasileira, com 54%, segundo o último levantamento divulgado pelo IBGE, em 2014. Dos 11 presidenciáveis ao Palácio do Planalto, apenas dois se autodeclaram pretos: Vera Lúcia (PSTU) e Leonardo Péricles (UP), que representam apenas 18,2% contra 8 (72,7%) candidaturas brancas e 1 (9,1%) parda.
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No pleito deste ano, os dois candidatos que vão disputar o segundo turno são brancos. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que ficou em primeiro lugar com mais de 57,2 milhões de votos (48,4%) – e Jair Bolsonaro (PL) – que conseguiu pouco mais de 51 milhões (43,2%) de eleitores nas urnas. É válido ressaltar que o total de votos para presidente foi de mais de 118 milhões de votos sem contar com as abstenções, que este ano foi de 20,8% (32 milhões de brasileiros), a maior desde 1998, e com os votos brancos e nulos equivalentes a 5,4 milhões (4,41%), menor desde 1994.
Ao observar o resultado final das urnas neste primeiro turno, é possível constatar que, apesar da maioria de negros no país, os presidenciáveis pretos não conseguiram atingir nem 0,1% do eleitorado brasileiro: Vera Lúcia levou apenas 25,6 mil (0,02%) votos e Léo Péricles, 53,5 mil (0,05%). Apenas quando somados com o percentual 0,07% (81 mil votos) do Padre Kelmon, que se autodeclarou pardo, os candidatos negros alcançam 0,14% dos votos dos válidos.
Os dados do TSE foram obtidos pelo programador Paulo Mota, integrante do Data_Labe, que fez um levantamento dos votos com um recorte racial das eleições presidenciais deste ano. Segundo o relatório, a quantidade de votos por raça foram extraídas pela disputa entre os dois candidatos com maior número de eleitores. Isso porque, juntos, eles somam aproximadamente 91% do resultado das urnas.
O levantamento mostra que 118 milhões de eleitores votaram em candidaturas brancas, 81 mil optaram pela candidatura parda e apenas 79 mil votos foram registrados nos presidenciáveis pretos.
Pelas redes sociais, Vera Lúcia fez uma publicação sobre a corrida eleitoral deste ano. “Agradecemos todos os votos! Cada voto em nossa candidatura fortalece a construção de uma alternativa revolucionária e socialista! Sobre o segundo turno reuniremos na quarta para definir uma posição!”, escreveu. Já Leonardo Péricles também agradeceu aos eleitores. “Obrigado por todos os votos que nós tivemos país a fora! A luta continua!”, comemorou.
Homens e mulheres nas Eleições 2022
O Data_Labe também reuniu informações de gênero sobre as eleições deste ano. O levantamento mostra a disputa presidencial dominada por homens, com 7 candidaturas – o que representa 63,6% – contra 4 mulheres na disputa pela presidência – o equivalente a 36,4%. Mas, se comparado com a última disputa presidencial de 2018, que teve apenas 2 mulheres no pleito (Vera Lúcia e Marina Silva), a participação feminina cresceu em 100%.
Dentro deste cenário, no entanto, é possível pontuar que, apesar deste crescimento, a proporção feminina nessas eleições foi de apenas 4,73% (5587.469) contra 95,3% (112.638.703) votos registrados em candidaturas masculinas.
Bens declarados
O estudo também levou em consideração a riqueza declarada pelos candidatos e candidatas à presidência da República. O Data_Labe constatou que a relação entre os bens declarados no TSE e o número de votos recebidos não é linear.
Entre os candidatos que irão ao segundo turno, o ex-presidente Lula declarou maior quantidade de bens com R$ 7.423.725,78. Enquanto Jair Bolsonaro declarou R$ 2.317.554,73. O candidato com mais bens declarados é Felipe D’Avila (Novo), que teve apenas 559.680 votos (0,5%) e acumula R$ 24.619.627,66.
No site do TSE, é possível ver que os candidatos autodeclarados pretos estão entre os que menos possuem bens declarados. Vera Lúcia possui apenas R$8.805,00 e Léo Péricles R$197,31, ambos são valores referentes às suas contas-poupança.
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