Maior renovação do parlamento desde 1994 continua excluindo negros. Das 54 vagas abertas nas eleições deste ano, apenas duas foram ocupadas por pessoas pretas
Texto / Thalyta Martins e Simone Freire
Imagem / Divulgação
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No domingo (7), além da votação para deputados estaduais, federais, governadores e presidência da República, os cidadãos brasileiros tiveram que eleger dois senadores de acordo com seus estados.
A partir do ano que vem os 54 eleitos se juntam aos 27 senadores em exercício e que foram eleitos em 2014, representando 21 partidos diferentes, mas, infelizmente, não representando mais de 50% da população brasileira, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foram 358 candidatos a senadores, entre eles, várias pessoas negras (confira no site Voto em Preto por estado).O mandato de um senador dura oito anos.
Nos últimos quatro anos, apenas um senador que se autodeclara preto legislou na Casa: Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores (PT). Do Rio Grande do Sul – onde a população é majoritariamente branca (81,5%) – ele concorreu a uma das cadeiras neste ano e conquistou a reeleição.
Outros dois senadores pretos foram eleitos. Concorrendo a primeira vez ao Senado, Weverton Rocha, do PDT (Partido Democrático Trabalhista), é aliado do atual governador Flávio Dino, que foi reeleito no domingo. No Maranhão, segundo o IBGE, os negros são maioria, cerca de 74% da população. Em Roraima, foi eleito Mecias de Jesus, do PRB (Partido Republicano Brasileiro). No total de candidatos que disputaram as eleições de 2018 ao Senado, 35 se declararam pretos.
Entre os pardos, se candidataram 75 pessoas. Destes, 11 foram eleitos: Rodrigo Cunha (PSDB-AL), Eliziane Gama (PPS-MA), Humberto Costa (PT-PE), Confúcio Moura (MDB-RO), Chico Rodrigues (DEM-RR), Eduardo Girão (PROS-CE), Jornalista Carlos Viana (PHS-MG), Jayme Campos (DEM-MT), Jader Barbalho (MDB-PA), Delegado Alessandro Vieira (REDE-SE) e Jorginho Mello (PR-SC).
Os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins não elegeram nenhum candidato negro. Bahia, o estado mais negro do País, com 81,4% da população autodeclarada (60% pardos e 21,4% pretos), também não elegeu nenhum senador ou senadora negra.
O pleito foi considerado o maior renovador desde 1994 pelo site oficial do Senado, isso porque de cada quatro senadores que tentaram a reeleição em 2018, três não conseguiram. Das 54 vagas que foram disputadas, 46 serão ocupadas por novos nomes. Mesmo assim, Eliziane Gama (PPS) e Paulo Paim (PT) foram os únicos eleitos deste contingente que se autodeclararam negros (pretos e pardos) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O que faz um senador?
Os senadores são responsáveis por discutir projetos de lei, emendas constitucionais, etc. De forma geral, legisla, fiscaliza, julga, aprova e autoriza ações. Também são responsáveis por processar, avaliar e julgar o presidente e o vice-presidente da República, os ministros do Supremo Tribunal Federal, membros do Conselho de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, procurador-geral da República, advogado geral da União, ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.