O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, responsável pela análise do pacote de segurança pública apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, rejeitou nesta quarta-feira, 25 de setembro, por 9 votos a 5, as mudanças no trecho do Código Penal que trata do excludente de ilicitude. A medida reduziria ou até eliminaria a punição, em casos específicos, para quem pratica crimes como homicídio.
As alterações rejeitadas pelos parlamentares tratavam sobre a legítima defesa de agentes de segurança que tirem a vida de alguém por “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Moro havia proposto que a pena do crime de matar deveria ser reduzida à metade ou, até mesmo, não aplicada.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Parte dos deputados que fazem parte do grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, usaram exemplos de como o excludente de ilicitude poderia agravar a violência no Brasil. Assim como na discussão de 24 de setembro os parlamentares citaram diversas vezes o assassinato de Ágatha Felix.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) defendeu seu voto contra as alterações no texto sob a justificativa de que poderiam aumentar a violência contra a população negra. “Eu sou negro e procuro representar todos os negros que são as maiores vítimas de violência no Brasil. As vidas negras importam”, afirmou o parlamentar.
Entre os deputados que votaram contra as mudanças propostas no pacote, também estavam Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Paulo Teixeira (PT-SP) e Fábio Trad (PSD-MS).
Por 8 votos a 4, o grupo de trabalho decidiu ainda que deve ser reescrito o ponto do texto sobre a garantia de legítima defesa para agentes policiais autores de crimes em confrontos armados. Os deputados avaliam que o item precisa ser analisado com mais cautela.
As mudanças propostas por Moro e que foram rejeitadas pelos deputados ainda podem ser reincluídas no texto do pacote de segurança pública após análise do plenário da Câmara.