Sete anos após o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) recebe, nesta quarta-feira (30), o júri popular que pode condenar os dois réus confessos pelo crime cometido em 2018.
Ronnie Lessa e Élcio de Queroz serão julgados pelo 4º Tribunal do Júri por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado e pela receptação do veículo utilizado para o assassinato.
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Pela manhã, manifestantes, familiares e ativistas dos direitos humanos se reuniram na sede do Poder Judiciário da capital fluminense em um ato pela conclusão do caso. A organização de mães atingidas pela violência policial, grupo que sempre teve o apoio da parlamentar, exigia resposta e punição aos acusados.
Estiveram presentes os pais da vereadora, Marinete Silva e Antonio Francisco da Silva, a filha de Marielle, Luyara Santos e a ministra da Igualdade Racial e irmã, Anielle Franco. Agatha Arnaus, viúva do motorista, também esteve no ato. Ao entrar no prédio, todos os familiares foram recebidos pelos protestantes com cantos por justiça, cartazes e um corredor de girassóis.
Emocionada, Marinete da Silva agradeceu ao público durante a coletiva de imprensa e destacou a importância da condenação dos acusados para os demais casos de violência do Estado.
“Acho que depois de tanto tempo, estou vivendo hoje como se fosse o verdadeiro dia em que tiraram minha filha de mim. A gente tá revivendo aquela dor, mas vamos tentar vencer depois de tanto tempo. Não tem como não agradecer a cada um que tem somado conosco, quem esteve conosco esse tempo todo”, desabafou a mãe de Marielle.
De braços dados com a neta, Antonio Francisco destacou o papel da imprensa em todo o processo. “Vocês sempre caminharam conosco. A imprensa foi fundamental para chegarmos hoje, neste momento, com a possibilidade de mudarmos a cara da Justiça no Brasil. Marielle sempre acolheu essas mães que estão aqui. Marielle caminhou com elas e depois de 2018, elas caminharam conosco”, declarou o pai.
Júri Popular
O Tribunal do Júri será composto por 21 pessoas comuns, sendo sete sorteadas na hora para integrar o grupo. Eles ficarão incomunicáveis e serão instalados nas dependências restritas do Judiciário.
O juiz Gustavo Kalil presidirá o julgamento, que contará com depoimentos da única sobrevivente do atentado, a jornalista Fernanda Chaves, além de familiares das vítimas e dois policiais civis.
Em comunicado, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (GAECO/FTMA) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) anunciou que buscará a pena máxima para os acusados, que podem ser condenados em até 84 anos de prisão.