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CPI da Covid: Governo Bolsonaro censurou dados sobre maior risco da pandemia para negros e indígenas

Em depoimento à CPI, o epidemiologista Pedro Hallal afirmou que foi censurado, por representantes do governo, antes de apresentar levantamento sobre a pandemia  

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

mesa da CPI da Pandemia no Senado Federal com Pedro Hallal e Jurema Wenwck

24 de junho de 2021

O epidemiologista Pedro Hallal revelou que houve uma censura de informações na apresentação do relatório Epicovid-19, no ano passado, dentro do Palácio do Planalto, sede do governo. O levantamento sobre a pandemia de Covid-19 trazia dados sobre o risco de contaminação das populações negra e indígena, que foram ocultados. A revelação foi feita durante a sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia, desta quinta-feira (24), no Senado Federal.

“As chances de contaminação de um indígena eram cinco vezes maiores, e a de uma pessoa negra era o dobro do que a de uma pessoa branca”, afirma Hallal.

De acordo com o especialista, a censura foi comunicada pela assessoria de comunicação da sede do governo momentos antes da apresentação do relatório do Epicovid-19, que monitorava a evolução da doença no Brasil. Em julho, o governo interrompeu a pesquisa, que era uma iniciativa da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).

“O slide sobre os dados raciais e o risco de contaminação foi censurado na coletiva. A comunicação do palácio do planalto me informou, 15 minutos antes, que o slide foi retirado da apresentação”, lembra o epidemiologista, que era o coordenador da pesquisa e o responsável pela elaboração dos slides.

A realização da pesquisa Epicovid-19 custou, segundo Hallal, R$ 12 milhões para investigar 100 mil pessoas em 133 cidades do Brasil, mas foi substituída, em 2021, por uma outra pesquisa do governo batizada de PrevCov, feita apenas nas capitais, que custou R$ 200 milhões.

O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) questionou o especialista sobre o nome do responsável pela censura de informações dos dados raciais. Hallal respondeu que não sabia se a ordem veio “de cima”, mas o responsável pela organização do evento era o Antônio Élcio Franco, na época secretário-executivo do Ministério da Casa Civil.

Franco é coronel da reserva e também foi secretário-executivo do Ministério da Saúde, o segundo cargo mais importante da pasta, entre junho de 2020 e março de 2021, quando o ministro da Saúde era o general Eduardo Pazzuello.

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