Investidores das campanhas de Luís Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro têm perfis muito distintos. Enquanto Lula teve 96,3% das suas receitas vindas do Partido dos Trabalhadores (PT), recurso este já destinado à campanha, Bolsonaro teve apenas 16,7% de seus recursos vindos do Partido Liberal (PL). A maioria dos recursos de Bolsonaro vem de empresários cujos empreendimentos são conhecidos da população.
Exemplos de empresários que estão na lista de investidores de Jair Bolsonaro vão desde o já cabo eleitoral Luciano Hang, dono da Havan Lojas de Departamentos LTDA, que doou R$1.022.000,00 até figuras do agronegócio.
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José Salim Mattar Junior é um empresário brasileiro, ex-secretário de Desestatização do Governo Bolsonaro e presidente da Localiza, empresa conhecida de aluguéis de automóveis, investiu R$1.8 milhões para a campanha do atual Chefe do Executivo.
Já Alexandre Grendene Bartelle e Pedro Grendene doaram juntos R$2 milhões. Eles são empresários bilionários brasileiros, fundadores da maior fabricante mundial de sandálias. A Grendene é detentora das marcas Melissa, Rider, Ipanema, Grendha, Zaxy, Cartago, Pega Forte e Grendene Kids, atendendo aos mercados interno e externo.
Segundo dados publicados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), três membros da família Beira que integram o conselho de sócios da empresa do ramo da limpeza Ypê doaram quantias a Bolsonaro que somam R$1 milhão. A informação foi detalhada em reportagem da Folha de S.Paulo.
Sobre as empresas cujos produtos são muito comercializados entre as camadas populares, como os produtos Ypê e as sandálias Grendene, o empresário do setor de bares e serviços e produtor cultural Pablo Feitosa diz que o impacto do apoio dessas marcas no consumidor é de cunho ideológico. “As pessoas podem começar a fazer boicotes a essas empresas como forma de protesto. Mas quem apoia pode passar a comprar muito mais”, disse.
Cornélio Adriano Sanders, do Grupo Progresso, que atua no setor do agronegócio, com o cultivo de soja e milho, a produção de algodão fez um pix de R$1 milhão para a campanha bolsonarista. Outros nomes do agro também doaram como o empresário Cornélio Sanders, produtor de soja, que foi autuado por trabalho análogo à escravidão pelo Ministério do Trabalho. Ele também doou cerca de R$1 milhão de reais para um possível segundo mandato de Bolsonaro.
Contudo, o maior investidor até agora da campanha à reeleição de Bolsonaro é o pastor e advogado Fabiano Campos Zettel. Ele é fundador da Igreja Evangélica Bola de Neve, conhecida por ser destinada ao público jovem. A congregação tem como marca uma prancha de surf como púlpito. Sozinho, ele investiu R$3 milhões, marcando a posição da Igreja no governo do atual presidente.
Somente no segundo turno, a verba vinda das pessoas físicas para a campanha de Bolsonaro teve um salto de R$25 milhões, no primeiro turno, para cerca de R$77 milhões até agora, segundo dados do TSE.
Com a reforma eleitoral que aconteceu em 2015, as empresas foram proibidas de doar para legendas e candidatos. Mas as pessoas físicas, segundo o TSE, podem colaborar para campanhas eleitorais com a indicação do CPF. O valor pode ser de até 10% dos rendimentos brutos da pessoa, comprovados no Imposto de Renda, no ano anterior à eleição.
Perfil dos investidores de Lula
Já Lula tem uma arrecadação com um perfil mais modesto. Apesar de o montante doado desde o primeiro turno ser um pouco maior do que de Bolsonaro: R$126.861.996,21 contra R$101.521.644,47 do atual presidente. O candidato petista possui investidores menos abastados, além de não ter em sua lista figuras representativas do agronegócio.
Ao contrário de Bolsonaro, cujo principal investidor é o pastor Zettel, Lula possui, depois do PT, o financiamento coletivo como a sua principal fonte de receita. Por este mecanismo, Lula recebeu R$1.9 milhões, enquanto Bolsonaro recebeu R$257mil. Tanto Lula quanto Bolsonaro conquistaram o apoio de pessoas comuns que doaram quantias simbólicas como R$2 e R$1.
Como pessoa física, o principal investidor de Lula é o ex-vereador da cidade de Ipatinga (MG), Altair Vilar Guimarães. Ele ofertou R$600 mil para a campanha do petista.
A ex-CEO do banco Itaú, Beatriz Sawaya Botelho Bracher, depositou R$150 mil para a eleição de Lula. No primeiro turno, ela e seu irmão, o banqueiro Cândido Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco, haviam doado valores próximos aos R$200 mil para as campanhas do partido Rede e para a candidata à presidência Simone Tebet (MDB).
Além do empresário palestino Shawqi Hilal Mohd Naser, sócio da companhia Viamar Internacional. A empresa, com sede em Brasília e especializada em negócios internacionais, promove o “desenvolvimento de negócios com os commodities mais valiosos da América Latina”, conforme o site da organização. Ele doou R$100 mil reais para a campanha de Lula.
Demais pessoas e empresários, pertencentes a um grupo mais popular, são de segmentos da cultura, transportes escolares e cooperativas habitacionais, por exemplo. De acordo com Pablo Feitosa, os investimentos feitos na campanha de ambos os candidatos mostra bem o campo eleitoral onde atuam. Segundo ele, Bolsonaro governa para o grande empresariado, para o ramo do agronegócio, e bilionários do sul e sudeste, como é o caso da família Grendene. Para Pablo, estes representam os empresários que querem mudanças nas leis trabalhistas.
“Esses são os empresários que estão forçando os retrocessos nos direitos trabalhistas, projeto que começou no governo Temer. Eles demonstram que o que estão investindo, esses valores tão altos, são o que eles acreditam que vão receber em troca, ainda com lucros. Eles possivelmente vão ganhar muito mais, vão ter isenção de impostos e terão benefícios com este governo”, afirma.
Por outro lado, Pablo afirma que Lula tem como investidores pessoas de setores populares e de empresários menores, pois foi o presidente que mais apoiou esta classe. Ele lembra dos Fundos de Desenvolvimento do Nordeste e Centro-Oeste, das linhas de crédito e das facilidades para se conquistar benefícios junto ao BNDES.
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