O número se refere à 2020 e faz parte de um levantamento da ONG Repórteres Sem Fronteira; Pedro Borges, editor-chefe da Agência Alma Preta e Bianca Santana, da Coalizão Negra por Direitos, são uma das vítimas
Texto / Flávia Ribeiro | Edição / Lenne Ferreira | Imagem / Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas
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O Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), assim como seus filhos e ministros foram responsáveis por 580 ataques à imprensa em 2020, segundo levantamento da Organização Não Governamental (ONG), Repórteres Sem Fronteiras, publicado nesta semana. Três representantes da família estão entre os que mais atacaram a imprensa. “Até o momento, nada indica que o “sistema Bolsonaro” vá interromper sua lógica de ataques e sua operação orquestrada para desacreditar a mídia. O desafio para a imprensa brasileira é imenso. O caminho para enfrentá-lo aponta na direção da coragem e da resiliência, para seguir levando informações confiáveis ao público e, assim, recuperar a confiança no jornalismo de qualidade”, discorre o relatório.
A jornalista Bianca Santana, ativista da Coalizão Negra por Direitos, é uma das que sentiram na pele os desmandos da família Bolsonaro, que a acusau de propagar fake News em live do Presidente da República. Bianca ingressou com ação na Justiça e ele foi condenado por danos morais mais indenização no valor de R$ 10mil . “Uma vitória, dentre tantas que a população negra deveria ter na justiça. Uma condenação, dentre tantas agressões de Jair Bolsonaro, seus filhos e ministros, direcionam a jornalistas e comunicadoras constantemente. Só a luta muda a vida!”, pontuou Santana em suas redes sociais, no dia da decisão.
Pedro Borges, um dos fundadores e editor chefe da Agência de Jornalismo Alma Preta entrou com ação na justiça após ser exposto e ofendido por Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmaress. “Fiquei com um pouco de receio de começar a ação por conta da rede bolsonarista de ataques, mas, quando a Bianca moveu a ação, isso me encorajou. Conversei com ela e isso me fortaleceu”, comenta Pedro, que aguarda o andamento do processo.
No topo do ranking do levantamento do Repórter sem Fronteiras, está Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e deputado federal (PSL-SP), com 208 ataques proferidos. Em seguida, vem o presidente, com 103. Em terceiro lugar, está o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, com 89 ataques, seguido pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos – RJ), com 69 agressões.
Segundo a ONG, metade dos ministros (11 dos 22) promoveu ataques à imprensa em 2020. Damares Alves, Ministra da Mulher, Famílias e Direitos Humanos, lidera esse ranking, com 19 agressões contabilizadas pela ONG. Além disso, as redes sociais foram os meios mais usados pelo “sistema Bolsonaro” para hostilizar a imprensa. Do Twitter partiram 489 ataques, sendo 408 direto das contas e 81 retuitando conteúdo de outras contas. Das aparições públicas e entrevistas partiram 34 ataques.
Somente no quarto trimestre de 2020, a RSF contou 131 registros. Foram 61 ataques diretos a meios de comunicação; 49 comentários negativos que visavam desmoralizar o trabalho da imprensa de modo geral; 12 ataques diretos a jornalistas mulheres e 9 ataques a jornalistas homens. “A hostilidade demonstrada por Jair Bolsonaro não é novidade. Ela reflete como o presidente, sua família e seus apoiadores refinaram, ao longo do ano passado, um sistema focado em desacreditar a imprensa e silenciar jornalistas críticos e independentes, considerados inimigos do Estado” diz o texto da entidade que tem entre as sus principais bandeiras a defesa da liberdade de imprensa.