A Coordenação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas (CGMET) representou o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) no 30º aniversário do programa Rotas dos Povos Escravizados, organizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Fernanda do Nascimento Thomaz, coordenadora-geral da CGMET, integrou uma das mesas de debates da programação do evento que aconteceu em Paris, na França, onde está a sede da organização.
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Em sua fala, a gestora reafirmou o compromisso do Brasil com a preservação da memória da escravidão e com o avanço de políticas de reparação para as populações afrodescendentes. Fernanda também abordou o impacto do programa Rotas dos Povos Escravizados na conscientização sobre o legado da escravidão no Brasil e no mundo.
Desde sua criação em 1994, a iniciativa da Unesco desempenha um papel central na realização do conhecimento sobre a escravidão e suas consequências globais.
Segundo a coordenadora, o programa se tornou uma referência fundamental para o desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas sobre o tema, “ao nos lembrar constantemente que a escravidão não foi apenas uma tragédia histórica, mas um processo cujas feridas ainda afetam milhões de pessoas de ascendência africana, inclusive no Brasil”, observou a coordenadora.
O evento também marcou o lançamento da Rede de Lugares de História e Memória da Unesco, que busca reconhecer os efeitos da dissonância cognitiva pós-colonial sobre a população negra e entender melhor como curar indivíduos e comunidades impactadas ao longo das gerações.
A representante do governo brasileiro ainda abordou os desafios que o Brasil enfrenta para implementar políticas de reparação para os descendentes dos povos escravizados e destacou a importância da CGMET, criada em 2023, para a promoção da memória, reconhecimento e reparação da população negra.
Para a gestora, o país ainda vive os impactos de ter sido a última nação a abolir oficialmente a escravidão nas Américas. “A Coordenação que represento é um esforço inédito do Estado brasileiro para enfrentar esses problemas com seriedade e profundidade”, constatou.
Os reflexos desse passado, lembrou a coordenadora, são observados com os registros de violência policial contra jovens negros, a marginalização socioeconômica e as desigualdades estruturais no Brasil. “Precisamos de políticas públicas que enfrentem essas desigualdades históricas. A reparação não é apenas sobre o passado, é uma questão de justiça social para o presente e o futuro”, completou Thomaz.