Nascida e criada na cidade da região metropolitana de São Paulo, a professora baseou sua campanha em projetos que levantem a pauta antirracista e em melhorias na educação, saúde, mobilidade urbana e segurança pública
Texto: Caroline Nunes | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação
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Najara Costa (PSOL), de 39 anos, é a única mulher dentre os nove candidatos à Prefeitura de Taboão da Serra, cidade da região metropolitana de São Paulo. Socióloga de formação e mestra em Ciências Humanas e Sociais, a candidata lançou recentemente o livro “Quem é Negra/o no Brasil?”, obra que traz o debate sobre as relações étnico-raciais no país e avalia políticas afirmativas, em especial, as fraudes no sistema de cotas da prefeitura da capital paulista.
Docente no ensino médio e superior, Najara é também pesquisadora das relações raciais, com atuação na análise e impacto das políticas de cotas raciais. Como ativista, compõe o debate antirracista e a luta pelos direitos sociais, especialmente o das mulheres.
A candidata à prefeita explica que a partir da emancipação da cidade, todos os cargos de importância só foram ocupados pela elite, fato que corrobora com o sistema de privilégios e desigualdade social. “Desde o processo de redemocratização, Taboão da Serra só teve quatro prefeitos: todos homens brancos e de classe média alta. A periferia, que compõe a maior parte da população taboanense – e a que mais necessita de políticas públicas -, segue sem representação”, afirma.
Nascida e criada no município, a candidata do PSOL baseia sua campanha em ações que apoiam os professores, as mulheres, os negros, a comunidade LGBTQIA+ e a cultura.
Projetos
Se eleita, Najara Costa diz que a saúde no município terá atenção especial. Segundo ela, por mais que os últimos prefeitos sejam médicos, essa área foi negligenciada. “Buscamos a transparência nas agendas. É inadmissível que para conseguir atendimento médico seja necessário entrar em contato com assessores dos políticos para que eles deem um jeitinho. É um direito que deve atender a todos os cidadãos sem exceção. O que ocorre atualmente é uma grande vergonha”, considera.
Outra questão de suma importância para a candidata é a educação e o aumento no número de vagas disponíveis nas creches. O ensino taboanense alcançou nota 6.7 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, ultrapassou a meta estipulada que era de 6.3 pontos e superando a meta estabelecida para 2021, que é 6.5. Ainda assim, a educação é um setor que enfrenta problemas na cidade. “A fila de espera por uma vaga na creche é imensa e isso fere a dignidade da mulher, que precisa trabalhar”, diz.
Por ser professora, Najara acredita em um tipo de educação que não seja apenas conteudista, e sim reflexiva e plural, que tenha o cerne antirracista enraizado. Já na segurança pública, caso se eleja, a candidata pretende investir na humanização da Guarda Civil Municipal (GCM) para que isso seja refletido no trato com o cidadão taboanense, em especial, à juventude negra e periférica.
“Pensamos que é necessário ter uma município que zele pela vida dos jovens negros e não os criminalize. A segurança pública vem como uma perspectiva de zeladoria, não de ameaça”, defende.
Quanto à questão da violência doméstica, a candidata avalia que é preciso garantir que as vítimas se vejam livres dessa condição. Se eleita, a candidata propõe que o acesso ao emprego e a qualificação profissional gratuita garanta estabilidade financeira para que as mulheres “consigam informações para sair desse âmbito de violência sistêmica que vivem”.
Mobilidade urbana
O município de Taboão da Serra conta com apenas 20,5 km² e mais de 285 mil habitantes. A cidade possui o maior adensamento populacional do Brasil e, segundo Najara, este é outro ponto que deve ser levado em consideração, pois interfere principalmente na mobilidade urbana.
“É muita gente em pouco espaço. Uma das menores cidades com o maior número de pessoas por metro quadrado. Isso implica, principalmente, na mobilidade urbana, que nunca foi pensada nas antigas gestões”, conta.
De acordo com a candidata, esse problema interfere na vida do trabalhador taboanense, que por vezes deixa de conseguir um emprego em São Paulo quando diz que mora em Taboão da Serra.
“É necessário investir na mobilidade como um todo, pensar em estratégias que funcionem e facilitem a vida do trabalhador”, explica. Se eleita, além de implantar o bilhete único, Najara também promete diminuir o valor da tarifa do transporte municipal, criar ciclovias e ciclofaixas na cidade, tarifa zero para estudantes e aposentados, entre outras ações.