Olimpíadas 2024

Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Oposição na Câmara de SP aponta doutrina religiosa em projeto de abstinência sexual

Proposta do vereador Rinaldi Digíglio (PSL) que incentiva a abstinência sexual como prevenção contra gravidez precoce pode ser votada mesmo com rejeição e críticas em audiências públicas

Texto: Redação I Imagem: Câmara dos Vereadores

vereador Rinaldi (PSL) discursa na câmara dos vereadores, ele é autor do projeto que prevê abstinência sexual como política de saúde

16 de junho de 2021

Pode ser votado nesta quinta-feira (17) o projeto de lei apresentado pelo vereador Rinaldi Digíglio (PSL), em 2019, que pretende instituir em escolas e nas unidades de saúde da cidade de São Paulo a abstinência sexual como forma de prevenção da gravidez precoce.

O objetivo do PL 813/19 é criar a “Semana Escolhi Esperar”, que incentiva uma doutrina de abstinência sexual. O vereador Digíglio justificou a proposta com o dado de que no Brasil a cada mil jovens, na faixa de 15 a 19 anos, 62 engravidam. A média mundial, para essa faixa, é de 45 jovens.

A oposição, formada pelas vereadoras e vereadores do PSOL e a bancada do PT, tenta barrar a aprovação do projeto, pois acredita que o seu real objetivo é transformar uma doutrina religiosa em política pública, impondo um valor moral como protocolo para a atuação do Estado.

Segundo os co-vereadores do Quilombo Periférico, o projeto busca estabelecer um protocolo de abstinência sexual, ignorando direitos individuais e as leis de proteção à infância e juventude que já estão estabelecidas no ECA (Estatuto da Criança e Adolescente).

Por se tratar de um projeto de lei que tem influência direta na vida de crianças e adolescentes, as vereadoras da oposição conseguiram, por meio de um dispositivo previsto no Regimento Interno da Câmara, estabelecer que a propositura do vereador fosse levada à discussão pela sociedade civil por meio de duas audiências públicas.

A primeira foi no dia 25 de maio e a segunda aconteceu em 8 de junho. Segundo o levantamento do Quilombo Periférico, nas duas audiências mais de 80% das manifestações foram contrárias ao projeto. Os participantes denunciaram problemas que vão desde a ineficácia comprovada cientificamente por diversos especialistas no tema, até a inconstitucionalidade, uma vez que o PL ignora a Constituição Federal.

O ECA, em seu artigo 8º, já institui a Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, além de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Conferência sobre Direito das Mulheres, realizada em Pequim, na China em 1995.

O PL 813/09 pode ser votado na sessão de amanhã (17). No mesmo dia, pela manhã, às 10h30, será realizada uma reunião da Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude. O vereador Rinaldi Digíglio também propôs a proibição do uso do gênero neutro, que é uma iniciativa de ampliação do debate sobre diversidade sexual.

Leia Mais

Quer receber nossa newsletter?

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano