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Organizações cobram cassação de vereador de SP após vazamento de fala racista

No mês passado, a justiça estadual inocentou Camilo Cristófaro por considerar que sua fala foi tirada de um "contexto de brincadeira"

 

Imagem mostra o vereador Camilo Cristófaro em sessão na Câmara.

Foto: Foto: André Bueno

23 de agosto de 2023

Diversas organizações da sociedade civil, em resposta à declaração racista proferida pelo vereador Camilo Cristófaro (Avante) no contexto de uma CPI em março de 2022, lançaram uma campanha em prol da cassação de seu mandato.

Na época, foi vazado um áudio em que era possível ouvir o político dizer, durante sessão na Câmara Municipal de São Paulo, “não lavar a calçada… é coisa de preto, né?”. A frase gerou indignação e a Corregedoria da Câmara abriu uma investigação para apurar o caso.

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Agora, a cassação do mandato de Cristófaro será votada na Corregedoria da Câmara nesta quinta-feira (24). Na última segunda-feira (21), o relator apresentou a proposta de perda de mandato como possível penalidade. Como resposta a essa situação, as organizações envolvidas convocaram um ato público, reforçando a importância de se manter a integridade e a responsabilidade no exercício de cargos públicos.

“Esse ano já tivemos casos como do Vini Jr e das blogueiras que deram banana para uma criança negra, vimos a população se conscientizar ainda mais sobre a gravidade do racismo, mesmo que em sua face recreativa. Cassar o mandato de Cristófaro é o mínimo diante do que foi dito pelo vereador. Nossa campanha é para mostrar que a sociedade civil não assistirá esse episódio calada”, afirmou Guilherme Montenegro, mobilizador da Minha Sampa, organização que lidera a campanha.

De acordo com as organizações, o ato, marcado para às 13h do dia 24 na Câmara Municipal de São Paulo, visa pressionar a casa pela abertura de um processo de cassação, destacando a necessidade de responsabilização e a representatividade adequada para a população paulistana.

As organizações envolvidas também mobilizam seus membros e apoiadores para enviar emails aos sete membros da Corregedoria da Câmara de Vereadores, instando-os a considerar seriamente o prosseguimento do processo de cassação como um passo fundamental em direção à preservação dos princípios éticos e morais no cenário político local. Mais de 2 mil pessoas já participaram da campanha se manifestando virtualmente pelo site racismonaoebrincadeira.org.

Para justiça de SP, declaração racista não passou de brincadeira

À época do vazamento do áudio com a fala racista, o vereador Camilo Cristófaro foi denunciado ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), mas em julho de 2023 o político foi inocentado pois o juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares avaliou que a declaração foi “extraída de um contexto de brincadeira”.

“As pessoas que ouviram a frase sendo dita pelo acusado não sabiam o contexto em que era dita ou a quem era dirigida, pondo-se a censurar o acusado tão somente porque dissera este algo de cunho discriminatório/racista sem investigar contudo o contexto em que fora a fala proferida”, avaliou Soares, na decisão.

Para o juiz, não ficou comprovado nos autos “a consciência e a vontade de discriminar, pois não fosse assim e bastaria que se recortassem falas de seus contextos para que possível fosse a condenação de quem quer que fosse”.

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