No último domingo (2), apenas 6 pessoas negras foram eleitas para o Senado Federal, o que representa 22% do total de candidatos que ganharam a disputa eleitoral. Entre os senadores eleitos, está Rogério Marinho (PL-RN), que se elegeu pelo estado do Rio Grande do Norte. Ele foi presidente da Câmara de Vereadores de Natal e ministro do Desenvolvimento Regional no Governo Bolsonaro. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o político se autodeclara como pardo.
Os outros candidatos autodeclarados negros escolhidos pelo eleitores para o Congresso Nacional foram Beto Faro (PT-PA), Dr. Hiran (PP-RR), Flávio Dino (PSB-MA), Magno Malta (PL -ES) e Romário (PL-RJ).
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Conforme noticiado anteriormente pela Alma Preta Jornalismo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a somatória dos indicadores de cor, preto e pardo, para a composição do grupo racial negro. O TSE aceitou pedido da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e adotou para as eleições deste ano uma cota do Fundo Eleitoral para candidaturas negras.
Os dados revelam que candidatos brancos representaram cerca de 66,7% dos eleitos no último domingo (2), com 18 pessoas escolhidas, e senadores autodeclarados indígenas somaram um total 7,4%, com 2 pessoas eleitas. Os senadores autodeclarados indígenas eleitos foram Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Wellington Dias (PT-PI).
Das 219 candidaturas disponibilizadas para análise pelo TSE em 03 de outubro deste ano, pessoas pretas e pardas representaram cerca de 33% do total de candidaturas para o Senado neste ano, com 73 pretos ou pardos registrados na disputa eleitoral. A maioria (63,9%) de candidatos foi de pessoas brancas. Indígenas e amarelos representaram menos de 2% dos candidatos.
Entre as candidaturas ao Senado, 23,7% eram de mulheres, com 52 candidatas. Entretanto, entre os eleitos, a proporção caiu para cerca de 14,8%, com apenas quatro mulheres eleitas. Foram Tereza Cristina (PP-MS), Professora Dorinha (União-TO), Teresa Leitão (PT-PE) e Damares Alves (Republicanos-DF).
Mais de 101 milhões de votos válidos foram computados para as cadeiras disponíveis do Senado. A média de idade entre os senadores foi de 55 anos, sendo o candidato mais jovem com 35 anos de idade e o mais velho com 81 anos.
Os dados foram levantados a partir de informações do TSE obtidas pelo programador Paulo Mota, integrante do Data_Labe, laboratório de dados e narrativas localizado na favela da Maré, no Rio de Janeiro. As informações sobre o candidato Omar Aziz precisaram ser ajustadas manualmente para corresponder aos resultados divulgados após a apuração eleitoral.
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Entre esquerda e direita
Dos 27 senadores eleitos para um mandato a partir de 2023, a distribuição de senadores pelo posicionamento do partido alcançou a maior predominância para as legendas de direita, que reuniu um número de 19 candidatos eleitos. Os eleitores também escolheram cinco senadores de partidos de esquerda e três senadores de partidos considerados de centro.
Em cinco estados, os eleitores escolheram para o Senado Federal os ex-ministros do Governo Bolsonaro. Foram eles: Tereza Cristina (PP-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Damares Alves (Republicanos-DF), Sergio Moro (União/PR) e Rogério Marinho (PL-RN). Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente do país, também foi eleito para ocupar a cadeira do Senado pelo Rio Grande do Sul.
Em um panorama geral, o candidato vencedor pelo Ceará, Camilo (PT), alcançou a maior proporção de votos dos estados com 69,8% dos votos. Wilder Morais (PL), do Goiás, foi eleito com a menor proporção dos votos (25,2%).
Dos 27 senadores eleitos nestas eleições, cinco buscavam a reeleição: Davi Alcolumbre (União/AP), Omar Aziz (PSD/AM), Otto Alencar (PSD/BA), Romário (PL/RJ) e Wellington Fagundes (PL/MT).
Comparativo com 2018
O levantamento realizado pelo Data_Labe também revela que a proporção de senadores brancos e pardos diminuiu de 2018 para 2022, enquanto de senadores pretos e indígenas aumentou. Das 52 candidaturas eleitas em 2018 disponibilizadas para análise do TSE em 3 de outubro deste ano, 75% eram de pessoas brancas, 19,2% de pardas e 5,8% de pretas. Não entrou nenhuma pessoa autodeclarada indígena.
Nas eleições deste ano, dos 27 eleitos, foram 66,7% de brancos, 11,1% de pardos, 11,1% de pretos e 7,4% indígenas. Entre os dados levantados pelo Data_Labe em 3 de outubro, consta também uma pessoa com característica racial não informada.
A Alma Preta Jornalismo fez um questionamento ao senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) sobre sua posição em relação à autodeclaração. A reportagem perguntou o porquê da autodeclaração, se o candidato se considera uma pessoa negra e se já experienciou situações de racismo. Até o fechamento da reportagem, nenhum posicionamento foi enviado. O texto será atualizado, caso uma resposta seja apresentada.
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