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‘Sem as mulheres negras, não existe saída para a esquerda se reerguer’, diz organizadora do Ocupa Política

Encontro Nacional de parlamentares e ativistas no Recife reuniu mais de 800 pessoas com o objetivo de fortalecer a candidatura de representantes da comunidade negra e indígena

2 de setembro de 2019

Parlamentares e ativistas do Brasil e de mais oito países participaram do 3º Encontro Nacional Ocupa Política. O evento composto por debates, seminários, feiras, oficinas e ações culturais ocorreu de 29 de agosto a 1 de setembro no Recife, em Pernambuco.

A iniciativa reuniu mais de 800 pessoas em diferentes territórios da capital pernambucana. O objetivo é estimular lideranças locais, especialmente das comunidades negra e indígena, a renovar as candidaturas nas eleições municipais de 2020. Deverão ser escolhidos os prefeitos e vereadores dos próximos quatro anos.

Polly Honorato, coordenadora nacional do evento, destaca a importância de aumentar o número de candidatos políticos que representam as populações em maior situação de vulnerabilidade social.

“É importante demarcar a necessidade de fortalecimento da candidatura de representantes das comunidades negra e indígena. Esses povos têm uma visibilidade muito pequena, por isso devemos destacar a presença dessas pessoas no Ocupa Política”, afirma.

Participaram do encontro diversos parlamentares negros, entre eles a deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ) e a deputada federal Áurea Carolina (PSOL-MG).

Maiara Santana, designer e uma das organizadoras do evento, espera ver os impactos políticos do encontro nas eleições municipais de 2020.

“Quero olhar para trás e ver pessoas negras que se inspiraram no Ocupa Política lançando suas candidaturas, fazendo uma boa campanha e ganhando”, comenta.

Para Maiara Santana, as mulheres negras têm um papel fundamental na construção de um novo modelo político.

“Penso que sem as mulheres negras não existe uma saída para a esquerda se reerguer. Parece algo utópico, mas se a gente não se agarrar minimamente na luta, a gente não anda”, avalia.

Potência política do nordeste

O movimento Ocupa Política nasceu em 2017, em uma ocupação em um prédio no centro de Belo Horizonte, Minas Gerais. O objetivo era criar uma proposta de alternativa à política vigente a partir de ativistas e mandatos eleitos em 2016.

Entre eles, os vereadores Marielle Franco no Rio de Janeiro, Talíria Petrone em Niterói, Sâmia Bonfim em São Paulo, Fernanda Melchionna em Porto Alegre, Marquito em Florianópolis e, Ivan Moraes no Recife.

Em 2018, o encontrou aconteceu em São Paulo, no Teatro Oficina. O evento foi responsável pelo lançamento de mais de 50 candidaturas, que estiveram reunidas para um espaço de compartilhamento de aprendizados, conhecimentos e forças.

Neste ano, o evento se deslocou para o Nordeste. A cidade escolhida foi Recife por ser considerada um exemplo de força de renovação política, especialmente nos últimos anos.

Segundo Luane Barbosa, estudante de jornalismo e assistente de produção geral do evento, a realização do encontro no Recife é uma forma de reconhecer as potências políticas do nordeste brasileiro.

“O campo progressista no nordeste tem mostrado uma forte resistência dentro do cenário nacional. Nós juntamos mais de 800 pessoas não só para discutir política, mas também a capacidade que temos para levantar lideranças que farão a diferença nos espaços de poder, que ainda são ocupados majoritariamente por pessoas brancas e elitizadas”, explica.

Durante os três dias do encontro, foram realizadas atividades nas periferias da capital pernambucana. Luane Barbosa defende que essa é uma maneira de construir estratégias políticas a partir do diálogo com a população.

“Eu acredito que a partir das atividades desenvolvidas nos territórios, como as oficinas, é possível ouvir o que as pessoas entendem como política e quais estratégias elas têm para o futuro”, avalia.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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