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Vilma Reis: “Agora é a nossa vez”

Com mais de 30 anos de trajetória no movimento negro, Vilma Reis apresenta propostas que contemplam mulheres negras, juventude negra, comunidades tradicionais e população LGBTQIAP+

Imagem mostra a socióloga e candidata a deputada federal Vilma Reis (PT-BA).

Foto: Imagem: Alma Preta com Reprodução/Vilma Reis

21 de setembro de 2022

Socióloga, professora, ativista e um dos principais nomes do feminismo negro no Brasil, Vilma Reis carrega uma bagagem de história e luta dentro do movimento negro e há mais de 30 anos atua pelo direito à vida e dignidade das populações marginalizadas.

Nascida em Salvador e criada na cidade de Nazaré, no Recôncavo Baiano, Vilma enfrentou uma trajetória de vida que se assemelha à maioria da população negra brasileira. Ainda adolescente, aos 14 anos de idade, voltou à capital baiana e trabalhou como empregada doméstica para conseguir sobreviver.

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Foi através da avó, por quem foi criada, que Vilma encontrou forças para subverter as condições de servidão impostas às mulheres negras na sociedade. Formou-se em Sociologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é mestra em Ciências Sociais, doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos e foi Ouvidora Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.

Hoje, “de cabeça erguida e bicão na diagonal” – frase conhecida da socióloga – Vilma Reis é candidata a deputada federal pelo PT-BA com propostas que contemplam as mulheres negras, a juventude negra, as comunidades tradicionais e a população LGBTQIAP+.

Uma das propostas da candidata se refere ao debate em torno do modelo de segurança pública, que tem os jovens negros como principais vítimas da letalidade policial.

Na Bahia, 100% das pessoas assassinadas em Salvador em 2020 foram homens negros, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, estatísticas da Rede de Observatórios da Segurança revelam que a Bahia é o estado com a polícia mais letal do Nordeste e lidera o número de mortes por chacinas.

“Nós precisamos debater uma nova política de drogas. Pensar em políticas de drogas conectadas com o desencarceramento, no fortalecimento da Defensoria Pública em todos os estados brasileiros, na ampliação das políticas para fortalecer a audiência de custódia e o desencarceramento, porque há um abuso de prisão preventiva contra jovens negros, empobrecidos e periféricos e que a gente não observa quando se trata da população branca, jovem e de classe média. O empobrecimento tem cor, gênero e território”, comenta Vilma Reis.

vilma reis inside“Nós precisamos debater uma nova política de drogas. Pensar em políticas de drogas conectadas com o desencarceramento”, diz a socióloga | Foto: Reprodução/Flickr Vilma Reis

A candidatura de Vilma Reis integra a chapa do candidato a governador Jerônimo Rodrigues, também do PT. A legenda, que possui 16 anos na gestão da Bahia, também é alvo de críticas por parte do movimento negro devido aos índices de violência contra a população negra.

Questionada sobre o compromisso do PT com o movimento negro, Vilma diz que o novo programa de governo foi construído de forma coletiva com a inclusão de pautas reivindicadas pelo movimento, como a implementação das câmeras nos fardamentos dos policiais, a transparência nos dados da segurança pública, o cumprimento do Estatuto da Igualdade Racial e contra a Intolerância Religiosa e o debate em torno do programa de reconhecimento facial que, segundo a socióloga, é uma política racista e que reforça a criminalização da juventude negra.

“Se nós não tivermos programas de proteção direcionados à juventude negra e como política pública, a gente não tem como alterar a situação e não temos como construir uma resposta com participação social concreta porque senão vira política autoritária em cima da juventude negra e de criminalização”, destaca.

No Congresso Nacional, Vilma Reis também terá como objetivo de fortalecer as políticas voltadas para as mulheres negras, como o fortalecimento econômico, inclusão educacional, empoderamento das mulheres negras, orientado pelo Plano Nacional de Política para as Mulheres (SPM-PR) e pela Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), além do combate à violência contra as mulheres com ênfase na eliminação do feminicídio.

Para a população LGBTQIAP+, Vilma tem como compromisso principal a atualização do programa “Brasil sem Homofobia”, do Ministério da Saúde, para “Brasil sem LGBTQIAP+fobia” ao qual a candidata defende uma maior visibilidade para as mulheres lésbicas, bissexuais e trans e por um acesso à saúde que respeite os direitos sexuais, reprodutivos e ao processo transexualizador.

“Nós, as mulheres lésbicas, bissexuais, precisamos ter acesso à saúde reprodutiva, garantir que os profissionais de saúde retirem os seus dogmas em cima dos nossos corpos e garantir métodos de proteção e prevenção às IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis)”, pontua.

Leia também: Iza Lourença: “A gente é coragem”

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