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‘Branco-salvador’ e ‘Negro mágico’: por que Green Book não deveria ter ganhado o Oscar 2019

26 de fevereiro de 2019

A página Blerd World escreveu sobre o assunto e tentou explicar o porquê da polêmica

Texto / Blerd World
Imagem / Divulgação

Diversas pessoas, incluindo o diretor Spike Lee, criticaram a vitória do longa-metragem Green Book ao prêmio de melhor filme no Oscar 2019. Fazendo coro a esta crítica, de forma didática, a página Blerd World escreveu sobre o assunto e tentou explicar o porquê da polêmica.

Confira abaixo:

O filme Green Book foi premiado como o melhor filme pelo Oscar 2019. Isto pode parecer positivo à primeira vista, já que o filme possui a temática do racismo. Entretanto, as problemáticas que envolvem sua abordagem (e a produção) fazem com que isso não seja digno de comemoração.

O filme reproduz dois esteriótipos presentes em produções do tipo: o do “branco salvador” e o do “negro mágico”. O primeiro é quase auto-explicativo: o branco salvador é aquele personagem caucasiano responsável por atos heróicos por ser a salvação de personagens não-brancos. O negro mágico funcionaria como a pessoa negra que guia o protagonista branco: ele não deseja (e não tem) os holofotes limitando-se ao seu papel auxiliar.

Além disso, o longa está envolto em polêmicas em sua produção. Segundo a família de Don Shirley, personagem interpretado por Mahershala Ali, o filme é uma “sinfonia de mentiras”. “Que tipo de relacionamento ele tinha com o Tony? Ele demitiu Tony, o que é consistente com muitas das demissões dos motoristas ao longo dos anos”, contou Maurice Shirley.

Essa discussão sobre as problemáticas do filme está ganhando mais forças agora graças ao protesto silencioso de Spike Lee (que, infelizmente, está lhe rendendo críticas negativas). O diretor, assim que viu o anúncio de Green Book como melhor filme se levantou e tentou deixar o teatro.

Mesmo retornando, se prontificou a ficar de costas para o palco. Em uma entrevista posterior, Spike Lee, perguntado do por que de suas ações, respondeu: “Eu senti como se estivesse do lado da quadra no Garden [histórico ginásio do time de basquete do coração do diretor, o New York Knicks] e o juiz tivesse acabado de tomar uma decisão ruim. Esse é meu sexto copo [de champagne] e vocês sabem o motivo. Toda vez que alguém está dirigindo outra pessoa eu perco. Mas em 1989 eu nem cheguei a ser indicado”, disse se referindo ao ano em que produziu Faça a Coisa Certa, não recebendo nenhuma indicação, enquanto viu Conduzindo Miss Daisy levando a estatueta de melhor filme.

Sendo assim, consideramos que não há o que se comemorar na vitória de Green Book. Na verdade, ficamos triste por, em um ano com duas produções incríveis que tratam acertadamente sobre questões raciais (no caso, ‘Infiltrado na Klan’ e ‘Pantera Negra’) concorrendo à estatueta de melhor filme, uma produção que reproduz uma narrativa estereotipada (e aparentemente mentirosa) sobre a questão tenha vencido.

Com informações de Deadline, UOL e Omelete.

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