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Como o histórico de militância de Juninho o credencia a concorrer a deputado estadual?

10 de agosto de 2018

Em entrevista ao Alma Preta, o pré-candidato a deputado estadual e presidente estadual do PSOL falou sobre sua trajetória política, militância no movimento negro e propostas de sua candidatura

Texto / Amauri Eugênio Jr.
Imagem / Divulgação

Joselicio Júnior, 32, popularmente conhecido como Juninho, é um ser político. Desde que se entende por gente, a política está em sua vida e, mais do que isso, em casa. Ele é filho de militantes políticos, o que o fez crescer dentro da atmosfera política.

Como se pode imaginar, o ambiente propício à atuação política fez Juninho, habitante de Embu das Artes, cidade situada a cerca de 31 km da capital paulista, engajar-se nesse mundo. A primeira campanha na qual militou politicamente foi em 2000, aos 14 anos, quando atuou na campanha de Professor Toninho, que foi eleito vereador pelo PT na mesma cidade.

Este foi o pontapé para o começo de uma vida politicamente ativa. Daí em diante vieram a formação de um grêmio estudantil na escola em que estudava, campanha de arrecadação de alimentos para auxiliar os próprios colegas do local onde estudava, para conscientização sobre a dengue e demais atividades. E é possível dizer que essas experiências moldaram o modo como Juninho vê o mundo a ponto de ter participado de outras sete campanhas eleitorais. No total foram cinco eleições como militante e outras três como candidato, sempre pelo PSOL: em 2012 a vereador em Embu das Artes, em 2014 a deputado estadual e em 2016 a prefeito da mesma cidade. 2018 marcará o seu quarto pleito, novamente a deputado estadual.

“Para mim, política é tudo o que move relações sociais, e tudo o que envolve o nosso cotidiano e as relações humanas em sociedade é mediado pela política. Quando a gente vai ao supermercado e reclama dos alimentos, quando a gente reclama do transporte, ao falar que é caro e não atende às nossas necessidades, ou quando reivindica uma creche para deixarmos nossos filhos lá em segurança e podermos trabalhar, isso tudo é política”, pontua o hoje presidente estadual do PSOL.

Ocupar e resistir

Jornalista de formação na Universidade de Santo Amaro e pós-graduado em mídia, comunicação e cultura pela ECA (Escola de Comunicação e Artes, da USP), Juninho pôde ingressar no ensino superior por intermédio do ProUni (Programa Universidade Para Todos), fazendo parte da primeira geração a participar do programa do governo federal para concessão de bolsas de estudos para alunos de baixa renda em universidades privadas, em 2005.

A perseverança e determinação com as quais conduz a sua vida estão relacionadas à trajetória política, é verdade, mas estão intimamente ligadas à militância dentro do movimento negro – e do Círculo Palmarino, movimento nacional atuante em diversas cidades do país e no qual ele entrou em Embu das Artes, em particular. Basta dizer que a instituição é, nas palavras dele mesmo, a “base de formação, sustentação, construção e visão de mundo”.

“Quando ingressei no movimento negro, dentro do Círculo Palmarino, costumo dizer que dez cortinas se abriram diante dos meus olhos, pois comecei a enxergar e fazer sentido sobre a minha história e quem eu era, sobre minha infância, adolescência e juventude, e sobre desafios que enfrentava no cotidiano”, pontua, ao falar sobre como a instituição foi importante para ele conseguir aliar a luta política à luta do movimento negro em sua vida pública.

Se Juninho considera que a luta do movimento negro é fundamental na luta pela igualdade racial, pelo combate ao racismo institucional e ao genocídio da juventude negra, e para a criação de políticas afirmativas, o pré-candidato julga também que a via institucional – leia-se política – é tão fundamental, uma vez que a população negra passa a ter autonomia para colocar as suas demandas em pauta e para reverter o histórico desigual e excludente da sociedade brasileira.

“Outra via de fazer política é por meio dos partidos e da disputa direta na sociedade por cargos de representação e de execução política – essa é uma via cada vez mais necessária. Enquanto formos governados por quem sempre esteve no poder, jamais haverá olhar para quem estiver no andar de baixo. Não há outro caminho para iniciarmos processo de transformação radical se não ocuparmos os espaços de representação”, destaca.

E se há barreiras dentro do sistema político para a participação de pretos e pardos, é necessário rompê-las pela via institucional. 

“Está na hora de furarmos com estratégias, articulações, empoderamento de lideranças e construções coletivas, para cada vez mais a população negra se sentir à vontade e disputar para valer os espaços de poder.”, explica.

Juninho, presidente estadual do PSOL e pré-candidato a deputado estadual (Imagem: Divulgação)

De aprendiz a protagonista

Juninho filiou-se ao PT ainda no início dos anos 2000, quando se tornou militante do partido. Todavia, em 2005, ele e o grupo juvenil do qual fazia parte desfiliaram-se do partido e migraram para o PSOL.

Como a sua formação política é de esquerda, a transição partidária faz sentido em âmbito ideológico, em especial no que diz respeito ao combate à desigualdade social.

“Pensamos o socialismo não de forma mecânica, como as experiências que aconteceram no mundo, mas na sua construção a partir das bases da sociedade brasileira, por meio do protagonismo de quem construiu cada tijolo desse país: negros, índios e de trabalhadores, a partir da realidade das especifidades da criação e da história brasileira”, explica.

Além da identificação ideológica com o PSOL, a sua trajetória concomitante no Círculo Palmarino o ajudou a desenvolver projetos dentro do partido voltados à comunidade negra, o que ajudou a revitalizá-lo. Ele foi eleito presidente estadual da agremiação em 2015 e foi reeleito em 2017, e ocupará o cargo até 2020.

“Tem sido uma experiência muito peculiar e cheia de desafios, mas é de transformação, luta e de quebra de paradigmas, para a busca de crescimento do partido, maior abertura para inovações políticas e para o empoderamento de novas lideranças negras, mulheres, LGBT, ecologistas”, pondera, ao falar sobre como a experiência o ajudou a crescer.

“Tem sido um grande aprendizado e acho que deixaremos um legado importante, que ajudará a impulsionar outras lutas e ocupações de espaços por outras lideranças.”, diz.

Plano de governo

A admiração política por seus pais, por Luiza Erundina e Ivan Valente, ambos deputados federais pelo PSOL, e por Leci Brandão (PCdoB), deputada estadual em São Paulo, teve influência na formação política de Juninho. E é possível dizer que eles têm influência sobre o seu estilo político e, como consequência, nas propostas de sua candidatura a uma vaga na ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

As principais bandeiras da campanha de Juninho abrangem a defesa da democracia, da cidadania e da representatividade política, assim como o combate ao genocídio da juventude, ao encarceramento em massa e pela criação de políticas de enfrentamento ao racismo institucional, também em favor da valorização da cultura negra, com destaque para a cultura negra paulista – samba paulista, culturas populares de SP, bailes black, hip hop, funk, saraus e slams, por exemplo.

“A gente lutará também pela preservação de patrimônios materiais e imateriais, que compõem a história de resistência no estado. Trabalharemos também muito com a defesa da cultura e dos direitos humanos, contra a intolerância, pela defesa das lutas das mulheres e LGBT e pelo direito à liberdade religiosa”, enumera.

Outros pontos relativos à candidatura de Juninho abrangem a preservação ambiental, a questão da mobilidade urbana e ao direito à cidade – isso sem contar propostas voltadas a melhorias na educação, saúde, lazer e esporte.

Por fim, todo o plano de governo de Juninho está pautado no combate à desigualdade social e a privilégios de um pequeno setor populacional.

“Precisamos distribuir riqueza, ter maior investimento social, ter a educação como um pilar importante e enfrentar o racismo institucional. A ocupação deve vir combinada com programa de projeto de inversão de prioridades, em que a maioria da população tome as rédeas dos rumos do nosso país”, finaliza o pré-candidato a deputado estadual.

Pontapé inicial

Acontecerá nesta sexta-feira (10) o Festival #MudaPolítica, relativo à campanha de Juninho. O ato contará com participações de artistas e de lideranças de movimentos sociais e do PSOL, que também participarão da corrida eleitoral.

O encontro será realizado no Salão Du Kennedy (rua Campos Sales, 83, Jardim Presidente Kennedy, Embu das Artes), a partir das 19h.

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