Neste 21 de março celebramos o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1966, depois do chamado Massacre de Sharpeville, que ocorreu em 1960 na África do Sul, quando 20 mil negros protestavam pacificamente contra uma lei que limitava os lugares por onde podiam circular, tropas do Exército atiraram contra a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186.
Nesse período, a África do Sul vivia o Apartheid, regime que elevou os níveis de racimos ao extremo em um dos países com maior percentual de pessoas negras no mundo. Trazendo para o cenário atual brasileiro, os números também não são animadores.
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Somente no ano de 2023 foram registrados 11.610 boletins de ocorrência de racismo no Brasil, um aumento de 127% em relação a 2022, com o estado do Rio Grande do Sul sendo o recordista em casos, totalizando 2.857 registros. Já os casos de injúria racial também aumentaram em 2023. Foram 13.897 casos no ano, representando um aumento de 13,5% em relação a 2022.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema racial no Brasil, somente a partir do levantamento do ano de 2023 o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) conseguiu obter dados de todas as unidades federativas sobre o tema racial. Ou seja, até o ano de 2022, nem todos os Estados brasileiros tinham dados raciais.
Política pública é feita a partir da coleta de dados e sobre esses número, também em 2023, o presidente Lula sancionou a lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, com penas mais duras. Entre os anos de 2020 e 2023, os processos de injúria racial aumentaram 610%, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esses dados mostram três fatores sociais muito importantes a se levar em consideração. O primeiro deles é que os racistas estão saindo dos bueiros, principalmente depois do período de desgoverno que vivemos entre 2019 e 2022. A extrema-direita institucionalizou o discurso de ódio, fazendo com que as pessoas que já tinham um “pé no nazismo” se revelassem. A partir dali percebemos quem é quem.
O segundo ponto é que nosso povo entendeu que precisamos denunciar cada caso de racismo sofrido, cada “brincadeira” racista, que chamamos de racismo recreativo, cada gesto que nos tira o direito de viver em paz. A partir dessa denúncia a sociedade entende que o racismo existe, sim, e em grandes proporções e políticas públicas precisam e devem ser elaboradas para mitigar os efeitos do racismo na população negra.
Por último, e eu diria mais importante, é que estamos ocupando espaços que antes eram “destinados” somente às pessoas brancas e, em sua maioria, racistas. Quando nós chegamos ao postos de liderança, de tomadas de decisões, ou mesmo naqueles espaços que não se registravam pessoas negras, a branquitude racista assustou e não conseguiu entender como nós chegamos. Mas o importante é que nós sabemos o quanto custou chegar lá e qual foi nossa trajetória.
Então, lembre-se que o processo para a Eliminação da Discriminação Racial passa por várias situações que exigem nossa atenção. Precisamos “estar atentos e fortes”.