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Eleições 2022: “o morro vai descer e não vai ser carnaval”

Regina Lúcia dos Santos e Milton Barbosa, coordenadores do Movimento Negro Unificado (MNU), ressaltam a importância do voto negro nas eleições deste ano

Imagem: Divulgação/Ricardo Stuckert

Foto: Imagem: Divulgação/Ricardo Stuckert

2 de setembro de 2022

Início de campanha das eleições. Começou a corrida às urnas e a gente, que faz política o tempo todo na luta de combate ao racismo, se não tiver jogo de cintura, vai passar o tempo todo macerando ódio.

Primeiro que as pessoas negras tem que brigar o tempo todo, porque a incidência da luta do povo negro tem que ser em todas as frentes: educação, saúde, emprego e salários, moradia, cultura, mobilidade urbana, segurança alimentar, direito à água, preservação do meio ambiente, equipamentos públicos, garantia de justiça e tantas outras pautas que perpassam o cotidiano da população brasileira.

Depois que as armadilhas que os candidatos nos apresentam são imensas e nossa “cultura” de colocar o acompanhamento da política institucional no rol das coisas dispensáveis dão lastro pra que a gente ouça uma mulher reprodutora do machismo como Simone Tebet, da bancada do boi, pedindo voto para as mulheres e prometendo diminuir as desigualdades, as mesmas que o agronegócio, que ela representa tão bem, tem uma grande parcela de responsabilidade.

Ou ouvir um homem truculento e representante da oligarquia política nordestina, como Ciro Gomes, travestir-se de um polido professor de economia que tira da sua cartola a solução para a polarização política e para a grave crise das instituições brasileiras como se ele não tivesse lavado as mãos num momento crucial onde a atual situação poderia ter sido evitada. E os Messias, que se apresentam com uma roupagem que se pretende nova, mas que, na verdade, é mais do velho e carcomido neoliberalismo que só impõe sacrifícios para o povo preto, pobre e periférico.

Nestas eleições, o movimento negro, acreditamos, começa um processo de pavimentar, com o movimento Quilombo nos Parlamentos e com os comitês antirracistas, a consolidação de lideranças do movimento negro como lideranças políticas possíveis. Não só nos parlamentos estaduais e federal mas também nos executivos estaduais e, no futuro, no federal. Começamos a colocar a importância do voto negro no lugar que lhe é devido para que não tenhamos mais que acompanhar debates eleitorais para a presidência da República sem que tenhamos candidatos negros, nem sequer jornalistas negros presentes, sem que seja abordado o enfrentamento ao racismo institucional, sem que o racismo seja uma pauta de relevância.

Estamos arquitetando um futuro político onde negras e negros tenham o espaço necessário e do tamanho da sua importância para este país. Porque podemos não ser os donos do capital, mas nós somos mais de a metade da população e construtores desta nação. Temos a certeza que nesse momento de necessidade premente de derrotar o nazifascismo, de derrotar a extrema-direita representada pelo atual presidente, a voz e o voto do povo negro fará a diferença e colocará este país de volta no caminho de preservação da vida e na busca pelo bem viver. Vamos parafrasear Wilson das Neves: o morro vai descer e não vai ser carnaval.

*Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do MNU-SP e Milton Barbosa é um dos fundadores e coordenador nacional de honra do MNU.

Leia também: Eleições 2022 e o voto negro: que representatividade importa?

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