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Eleições nos Estados Unidos: Quem é o monstro?

11 de novembro de 2016

Texto: Miriam Alves / Edição de Imagem: Pedro Borges

Nessa última terça-feira, ocorreu a maior disputa eleitoral do planeta. Aos vencedores, ficaria o cargo de presidente da maior potência imperial da atualidade. A disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump tomou as mídias e as mais diversas expectativas sobre quem seria o candidato eleito a governar o país pelos próximos quatro anos. O resultado foi inesperado para a maioria das pessoas, inclusive investidores das bolsas de valores, o que fez com as ações despencassem no dia seguinte da escolha de Donald Trump. Sim, o candidato intolerante, racista, misógino, xenofóbico, acabava com os sonhos e a esperança do Yes, We Can!

Com um eleitorado majoritariamente composto por homens e mulheres brancas, o fascismo chegou ao poder trazendo o MEDO de uma onda conservadora, que vem tomando o cenário mundial nos últimos tempos, se alastrando inclusive para países não europeus, como é o caso do Brasil, que sofre antecipadamente com uma possível eleição do Deputado Jair Bolsonaro, dado à guinada da extrema direita no mundo. Agora o fascismo se manifesta nas urnas, nas ruas, nas redes sociais, nas relações cotidianas, e o discurso de ódio ganha cada vez mais espaço, até mesmo nas camadas populares, onde é facilmente copilado por pessoas com menos instrução, seja através do fundamentalismo religioso ou pela grande mídia.

Após a vitória do chanceler alemão, ops!!! do Trump nos Estados Unidos, é difícil pensarmos que a escolha por Hillary Clinton seria melhor saída. Alguns acham que sim, já eu, não tenho tantas convicções e prefiro fazer parte daqueles que se absterão à farsa eleitoral, do que os que reforçaram a campanha da miss chumbo grosso ou rainha do caos. Experiências anteriores nos mostram que em se tratando de conflitos armados, Hillary tem PhD. Enquanto Secretária de Estado, foi responsável pelo golpe militar de direita em Honduras, levando a instabilidade o país, hoje um dos mais violentos da América Latina. Suas ações influenciaram também o governo de Barack Obama na guerra da Líbia, em 2011, conflito que contabiliza a perda de 300 mil vidas e consequências devastadoras no continente Africano. Há também o apoio aos rebeldes anti-assad, com duras repressões na Síria, provocando a emigração forçada de milhares de pessoas. Em uma carta ao magnata judeu Haim Saban, Hillary fala: “Como presidente, vou dar ao Estado judeu todo o apoio militar, apoio diplomático, econômico e moral necessário para realmente vencer o Hamas – e se isso significa matar 200.000 habitantes de Gaza, então que assim seja.” Podemos pensar, quem é o sociopata que assumiria o controle da maior potência mundial?

Trump não fica atrás, e embora paire sobre ele “incertezas” e “certezas”, sua campanha tem sido um aporte para tentarmos prever o que nos aguarda, enquanto expectadores da desgraça provocada por mais um homem branco. O candidato prevê uma reconciliação com o presidente russo, Vladimir Putin, que já se mostrou bastante satisfeito com a vitória do magnata. Trump prometeu o envio de mais de 300.000 soldados para a Síria e o Iraque, na busca para aniquilar o Estado Islâmico, travando uma intensa guerra comercial com a China e rompendo com pactos com a OTAN e o Tratado Transpacífico, assim como a anulação do acordo de Paris, tornando-se uma ameaça não apenas para os imigrantes, como também para com o meio-ambiente e para as milhares de vidas no Oriente Médio. O novo presidente dos Estados Unidos prioriza uma política protecionista, ao contrário do governo de Michel Temer, que contava com a vitória de Hillary Clinton, buscando manter o Tratado Transpacífico, com E.U.A e Japão, rompendo com o Mercosul e possivelmente com os BRICS.

Em tempos de crise, social, política e humana, torna-se difícil mensurar quais serão os rumos da humanidade, que parece continuar a repetir os erros do passado, sem construir nenhuma perspectiva para o futuro. As instituições se encontram cada vez mais falidas, não por menos o sistema eleitoral vem sendo tão questionado, e não demorará até que as pessoas perceberem que essa dicotomia, esse medo liquido que transborda, não pode ser operado entre o mais ou menos pior. As facetas do imperialismo são estruturais e estruturantes e cada vez mais perversas.

O problema de “nacionalistas” como Donald Trump não é a cara feia, mas o modo como constituem uma ameaça às pautas progressistas, à diversidade, à liberdade. Para quem claramente demostra o racismo, irá com certeza levar para Suprema Corte juízes brancos tão ou mais conservadores, que irá aumentar ainda mais a população carcerária, assim como os policiais brancos estarão mais confortáveis para matar negros e nisso Hillary não está tão atrás assim! Ter um governo conservador na maior potencial mundial significa possíveis vitórias da extrema direita na França e posteriormente no Brasil, com o Bolsonaro. As reações contrárias a esse governo já podem ser vista nas ruas, com protestos violentos em Estados, onde tiveram eleitores favoráveis a Hillary Clinton e onde as abstenções contra a farsa eleitoral foram majoritárias . A impopularidade do governo, que preza pela soberania nacional, já provoca reações, pois sabemos que a soberania dá o poder para o Estado de decidir quais são as vidas que importam, e vidas negras não importam para o Estado. Quem é o mostro??? Fica difícil escolher. Não estamos felizes com a vitória de Trump, mas também não podemos achar que Hillary seria a salvação ao caos!

Ao que me parece o voto de protesto ou o voto crítico, como temos visto nas eleições brasileiras, e proposta por várias celebridades, não teria sido uma melhor alternativa entre os norte-americanos, para se evitar um holocausto.

Nós, dos países de terceiro mundo ou em desenvolvimento, sabemos das consequências perversas do imperialismo bélico norte-americana, do qual Clinton representava. Ainda é prematura prever quais serão as condutas de Trump frente ao maquinário da morte em países estrangeiros, mas, ao que tudo indica, não faz parte de suas propostas continuar realizando investimentos externos, uma vez que está disposto a reduzir os compromissos financeiros com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e com a Arábia Saudita. Ainda é tudo muito nebuloso, nesse cenário político. Aliás, não podemos tomar nem a pílula azul, e nem a pílula vermelha, uma vez que o magnata representa uma onda conservadora, muito perigosa também, e nada garante que não terá influência sobre conflitos em outros continentes.

Pois assim como a rainha do Caos, o candidato republicano prometeu reconciliar com a Rússia, Durante 16 meses de campanha, o candidato republicano prometeu fazer o contrário que o presidente Barack Obama: reconciliação com a Rússia do presidente Vladimir Putin, envio de dezenas de milhares de soldados na Síria e no Iraque para aniquilar o grupo Estado Islâmico (EI), guerra comercial com a China, questionamento dos princípios da Otan e dos acordos internacionais sobre o clima, o livre comércio e o acordo nuclear iraniano.

¹ http://desacato.info/por-que-hillary-clinton-e-bem-pior-que-trump/

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