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Imersão de ‘Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30’ reafirma luta em prol da justiça climática e políticas ambientais nos territórios

Com três dias de programação, o ciclo formativo de educação climática reuniu mais de 25 lideranças do Nordeste na Comunidade Quilombola de Estivas, em Garanhuns (PE)
Arte do encontro de "Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30", em Garanhus (PE), 13 de outubro de 2024

Foto: Nathalia Tenório/Divulgação

15 de outubro de 2024

O Brasil é um país quilombola! Sendo assim, a inclusão de comunidades e população quilombola no debate acerca das políticas climáticas e ambientes é a principal missão do projeto ‘Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30’, que teve início no último fim de semana, no Espaço Multicultural Dona Mira, na Comunidade Estivas, em Garanhuns (PE). Este foi o início de um ciclo formativo de educação climática, promovido pelo Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) e pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). A ação irá passar por todas as regiões do país, totalizando cinco formações que buscam trabalhar temas presentes durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será sediada em novembro do próximo ano, em Belém (PA).

Todo o arcabouço programático foi escolhido em conjunto com as participantes e conduzido por mulheres especialistas e ativistas em políticas climáticas, ambientais, relações internacionais e direitos humanos. Os seguintes assuntos foram abordados na formação: “Política Climática Internacional e COP 30: caminhos para incidência efetiva”, com Lídia Lins; “Soluções para a crise climática baseadas no capital: como reconhecer ameaças e oportunidades”, com Julia Stefany; e “Programa de Proteção para Defensores de Direitos Humanos e Acordo de Escazú: Proteção para as defensoras da terra e território”, com Alice Piva.

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Uma das participantes do encontro "Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30", em Garanhus (PE), 11 de outubro de 2024
Uma das participantes do encontro “Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30”, em Garanhus (PE), 11 de outubro de 2024. (Foto: Nathalia Tenório/Divulgação)

O encontro reuniu ainda mulheres de quilombos de diversos estados do Nordeste, além da comunidade local. “Entendo que esse momento é oportuno para que a gente possa ter mais conhecimento, diante daquilo que a gente já faz, que é preservação do meio ambiente. Então foi um momento de troca de experiências, em que as comunidades quilombolas do Nordeste se reúnem e vêm juntas somar em uma discussão política que atinge não apenas os quilombos do Brasil, mas se apresenta a nível mundial. Estamos aqui discutindo esses temas para nos apropriarmos melhor deles e discutir também a nível mundial a importância da preservação do meio ambiente, dos territórios, das comunidades tradicionais e de toda a população”, destaca a liderança Xifroneze Santos, da Comunidade Caraíbas, que fica no município de Canhoba (SE).

A líder da Associação de Moradores da Comunidade Estivas, Michele Romeira, fez um balanço dos três dias de formação realizados no território onde reside. “Queria agradecer a todos por estarem aqui, para nós da comunidade é um momento muito histórico e de muita importância. Pois a gente está falando sobre políticas climáticas e somos todos guardiões da natureza, da floresta e dos rios. Além disso, falamos em pensar no cultivo e cuidado de alimentos sem produtos e sem venenos. Tudo isso é de grande relevância para nós que somos quilombolas e lutamos por melhorias para a população de negros e negras”, completa.

Participantes do encontro "Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30", em Garanhus (PE), 13 de outubro de 2024
Participantes do encontro “Mulheres Quilombolas Rumo à COP 30”, em Garanhus (PE), 13 de outubro de 2024 (Foto: Nathalia Tenório/Divulgação)

Ao fim do processo educacional, as participantes se demonstraram preparadas e com maior propriedade sobre os temas debatidos durante as aulas. Como contrapartida, deverá ser apresentado um plano de ação em incidência política baseado nos tópicos abordados durante os encontros, no prazo de até 30 dias. “Agradecemos muito por essa acolhida tão respeitosa e afetiva de Garanhuns e das comunidades quilombolas. A gente tá aqui para potencializar a luta por justiça climática, o combate ao racismo ambiental e com certeza potencializar a luta dessas mulheres. Por isso que elas estão aqui e por isso que a gente está aqui”, complementa a coordenadora do eixo de Educação Climática do CBJC, Anne Heloíse.

A partir de ações como esta, o CBJC tem atuado para responder e combater desigualdades oriundas da crise climática junto à população negra nos territórios mais afetados. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 7,6 mil comunidades quilombolas, localizadas em 1,7 mil municípios, sendo a maioria destas no Nordeste. Por isso, a educação climática é uma das estratégias de jornada contínua para instrumentalizar e a ferramentar grupos populacionais negros no enfrentamento à guerra climática.

  • Hosana Silva

    Hosana Silva é pesquisadora, apresentadora e repórter do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC)

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