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‘Não roubei nada’: nem as crianças negras escapam da crueldade do racismo

Ao acusar injustamente uma criança de furto, a sociedade reafirma estereótipos racistas que há séculos marginalizam os negros
Imagem mostra um menino negro de cabeça baixa.

Foto: iStock

31 de agosto de 2024

Nesta semana um caso envolvendo um menino negro de sete anos acusado injustamente de furto em uma loja de doces na Zona Leste de São Paulo reacendeu o debate sobre o racismo estrutural e os estigmas que acompanham crianças negras. A situação, marcada pela frase dolorosa da criança: “não roubei nada”, expõe como o preconceito racial se manifesta de forma cruel, afetando até os mais jovens.

A história de uma criança tão pequena tendo que se justificar, se defender de uma acusação injusta, revela o quanto o estigma do racismo pode marcar vidas desde a infância. É perturbador e, ao mesmo tempo, um reflexo claro da realidade enfrentada por muitas crianças negras no Brasil.

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Crescer sob a constante suspeita, ser julgado pela cor da pele antes mesmo de qualquer ato, é uma violência que marca profundamente o desenvolvimento emocional e psicológico dessas crianças.

Esse episódio não é um caso isolado, mas sim uma amostra do racismo cotidiano que muitas famílias negras enfrentam. Desde muito cedo, meninos e meninas negros são obrigados a conviver com a desconfiança, a vigilância excessiva e a discriminação.

O preconceito racial, longe de ser um problema do passado, continua a moldar as interações sociais, perpetuando a exclusão e o estigma que se impõem sobre as comunidades negras.

Ao acusar injustamente uma criança de furto ou roubo, a sociedade reafirma estereótipos racistas que há séculos marginalizam os negros. É um lembrete doloroso de que a luta por equidade racial começa desde a infância, exigindo uma reflexão profunda e ações concretas para desmantelar esses preconceitos.

Precisamos reconhecer e confrontar essas injustiças para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde todas as crianças possam crescer livres de estigmas e medos. Afinal, nenhuma criança deve ter que dizer: “não roubei nada”.

  • Felipe Ruffino

    Felipe Ruffino é jornalista, pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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