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Obrigado, Kobe Bryant

27 de janeiro de 2020

Ícone do esporte, Kobe é um daqueles atletas que ultrapassou qualquer fronteira e se transformou em referência de luta e posicionamento contra o racismo

Texto / Pedro Borges I Imagem / Reprodução

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A qualidade técnica de Kobe Bryant é indiscutível. Para muitos, é o melhor jogador da história da NBA depois de Michael Jordan. Há, inclusive, quem o coloca a frente do craque do Chicago Bulls.

Kobe é o vencedor de 5 títulos da liga, o segundo atleta que mais atuou por uma equipe em número de temporadas, no caso 20 pelo Los Angeles Lakers, jogou como titular 15 vezes no All Star Games, foi eleito o melhor jogador da liga 1 vez, e é vencedor de 2 medalhas de ouro olímpicas.

Kobe, contudo, foi além.

Kobe Bryant é um exemplo para os jovens negros dos EUA e de todo o mundo porque entendeu a sua condição política enquanto afro-americano. Foram inúmeros os casos em que o atleta se posicionou contra a violência racial.

Quando Eric Gordon, homem negro e pai de 6 filhos, foi sufocado e assassinado por policiais brancos enquanto gritava “Eu não consigo respirar”, Kobe foi um dos jogadores a entrar em quadra para o aquecimento de uma partida da liga com a frase de Eric Gordon.

Em outro momento, o então presidente do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, falou para a sua companheira que não gostava do fato dela convidar homens negros para assistir às partidas da NBA. Não gostava também que ela comentasse com outras pessoas o fato de sair com homens negros.

A resposta, por parte dos principais jogadores da NBA, veio. Magic Johnson, LeBron James e Kobe Bryant. Na época, a estrela do Los Angeles Lakers disse: “É uma lástima, mas uma triste realidade que tenhamos no mundo pessoas que continuam promovendo tal ignorância”. Ele ainda completou com, “Não gostaria de jogar para ele”.

Kobe, como muitos negros, conheceu desde cedo as injustiças do racismo. Dos seis aos treze anos de idade, morou na Itália. O pai atuava como jogador de basquete e Kobe o acompanhava. A criança, contudo, se apaixonou por futebol e passou a acompanhar partidas na Europa.

Ele afirmava que havia visto manifestações racistas durante as partidas e que fora educado pelos pais para enfrentar situações como essa. Ele também acreditava que a educação é a principal ferramenta para combater essas violências.

Não à toa, incentivou a exibição do filme “Luta por Justiça”, filme estrelado por Michael B. Jordan e Jamie Foxx, em comunidades negras de Los Angeles, cidade também marcada pela brutalidade policial e a seletividade racial no aprisionamento de jovens negros.

O filme retrata a história de um homem negro condenado, de maneira injustiça, à morte pelo assassinato de uma mulher branca no Alabama. A trama conta a história de um advogado, interpretado por Jordan, que trabalha para provar a inocência do acusado.

Por essas e outras que Kobe Bryant foi mais do que um atleta. O exemplo deixado para jovens negros, inclusive aqueles que tiverem sucesso no esporte, é essencial para enfrentar as desigualdades existentes na sociedade.

A roda continua a girar nos EUA. LeBron James, hoje o principal nome da Liga e também estrela do Los Angeles Lakers, segue na linha de frente da luta contra o racismo. O mesmo é feito por outros grandes jogadores do país.

Que a lenda dentro e fora de quadra inspire muitas meninas e muitos meninos, negros e brancos, de que o esporte é incrível. Tão incrível, que está para além dele e por isso pode transformar o mundo em um lugar melhor.

Kobe fez isso. Obrigado.

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