Todo mundo que frequenta ou frequentou a quadra do Camisa Verde e Branco já viu o Mestre Dadinho.
Lembro dos primeiros contatos com ele, um senhor muito gentil, educado, carinhoso e elegante. Olhava para o Dadinho e pensava: quero envelhecer assim.
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Por esses motivos, Dadinho era uma pessoa muito querida. Era comum ver jovens e diversas pessoas fazendo até uma fila para conversar um pouquinho com ele. Todo mundo queria um pouco do seu axé.
Nas nossas conversas, Dadinho sempre destacou nossa escola como um patrimônio do povo negro e o samba como manifestação cultural de combate ao racismo. Uma reflexão tão necessária, sobretudo em tempos de forte embraquecimento da festa.
Não à toa, ele sempre estava disposto a participar de atividades que discussem o racismo e os desafios do povo negro. Esses gestos e suas ideias o tornavam necessário e especial.
Dadinho dedicou toda a sua vida pela nossa escola, o Camisa Verde, como ele costumava dizer. Era, sem dúvidas, uma inspiração para os mais jovens do trevo.
Em uma entrevista para mim, Dadinho me disse, emocionado, que queria fazer mais pela escola que ama. “Meu corpo, porém, não me deixa”. Me emocionei junto.
Comigo já em lágrimas, Dadinho disse que: “Eu fico sempre me perguntando se eu vou conseguir desfilar no próximo ano”. Ele estava com dificuldade para andar e se utilizava de uma bengala. Mesmo assim, veio a frente da escola no desfile de 2020, seu último.
Neste domingo, Dadinho faleceu. Ir ao Camisa não vai ser a mesma coisa. Os ensaios com certeza perdem um pouco o brilho.
Espero poder ajudar nossa escola, como você a ajudou. Tenho certeza de que o seu legado e amor pela Barra Funda vão seguir contagiando todos, em especial os mais novos.
Dadinho era o trevo mais verde e bonito do nosso jardim. Que você esteja bem e em paz, onde estiver.
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