Texto: Gabriel Carneiro / Edição de Imagem: Pedro Borges
Medo, calafrio, suor e angústia, sentimentos que muitos só sentem quando assistem a algum filme em seu imenso sofá em algum bairro nobre. Mas para nós, negros, isso tá muito longe de ser ficção. É a mais cruel das realidades. É a realidade das periferias que são esquecidas e mortas diariamente.
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Quantas mães que conhecemos já não choraram pela perda de seus filhos? Jovens que saíram de manhã para estudar, trabalhar, fazer seus corres e não voltaram. Quantos filhos que conhecemos já não choraram pela ausência ou perda de suas mães? Que assim como Cláudia, saíram para seguir sua vida e por conta do ódio desse Estado fascista, racista e genocida, foi arrastada pelo chão por um carro da polícia.
Pois é, a periferia nunca acorda e dorme em paz. O dia a dia é constantemente opressor. A morte é moradora ativa nas comunidades, que acompanhada de escolta policial, camburão e o aval do Estado, sai passando por cima de quem for, e se for negro então – que é o quadro racial das periferias -, é alvo prioritário.
Geraldo Antonio Neto foi um dos alvos na sexta feira, 18 de Março, que assim como milhares, estavam a caminho da diversão da galera de periferia e não voltou. Não voltou porque era negro. Não voltou porque era negro e periférico. Não voltou porque o sistema não quer que voltemos. A bala do Estado tem direção. Somos nós.
E esse massacre diário nos sufoca. A insegurança de não saber se voltaremos para a nossa casa no fim dia é destruidora.
Tiram nossas vidas, nossos espaços, nossas famílias, nossa felicidade, nossa vontade de viver. Tiram tudo que podem, mas a gente resiste. A periferia resiste e está se unindo cada vez mais para acabar com essa situação que nos é imposta todos os dias.