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Sancionada há 21 anos, lei 10.639 oferece novas oportunidades de conhecimento 

Promulgação da lei que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira completou 21 anos em janeiro de 2024; são pouco mais de duas décadas para se contrapor a 400 anos de uma educação de mão única
Imagem mostra uma professora negra sentada em sala de aula, usando um globo para ensinar os alunos.

Lei 10.639 completou 21 anos em janeiro de 2024.

— Tima Miroshnichenko/Pexels

5 de fevereiro de 2024

Por: Regina Lucia dos Santos

Neste Início de ano é impossível não pensar nas aulas, nas escolas, na educação brasileira e entender que o ambiente escolar é um local de reprodução do racismo, por isso é vital refletirmos sobre a lei 10.639, de 2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, para incluir no currículo da rede de ensino a obrigatoriedade de abordagem da História e Cultura Afro-brasileira.

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A lei 10.639 é uma proposta de discussão das relações étnico raciais  na educação e na sociedade brasileira. A legislação oferece outras possibilidades de conhecimento. O que tínhamos antes dessa lei era o ensino da história da ciência ocidental como se fosse a história de toda humanidade.  Quem em 2003 conhecia a história africana a não ser o movimento negro, não previa a sua implementação  com o acompanhamento do movimento negro brasileiro, daí torna-se importante  conhecer os instrumentos que regulamentam a lei. 

O Parecer 3/2004 e a Resolução 1/2004 do Conselho Nacional de Educação é muito mais abrangente do que podemos supor ao termos contato com  a lei. Eles instrumentalizaram os educadores para toda a discussão das relações étnico raciais. 

A lei 10.639 completou 21 anos em janeiro. Nós podemos achar que nada ou pouco foi feito, mas isso não é verdade. Ao longo desses anos muito foi produzido, já temos livros a respeito, bem como professores e gestores têm corrido atrás para dominar o assunto. São pouco mais de duas décadas para se contrapor a 400 anos de uma educação de mão única, pensada para ocidentalizar e manter a supremacia branca em toda a educação e cultura deste país, ocultando todos os outros elementos constitutivos dessa cultura.

Hoje a luta do movimento negro colocou o racismo e as relações raciais pautando a política brasileira, atingindo um patamar onde podemos oferecer letramento racial e subsidiar toda a discussão posta para a implementação da lei 10639/ e o  desvelamento da contribuição da população negra para a construção do Brasil e a participação no processo civilizatório aqui e no mundo todo. 

Regina Lucia dos Santos é geógrafa, ativista e coordenadora de formação do Movimento Negro Unificado (MNU), em SP.

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