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Setembro Amarelo e a saúde mental das mulheres negras

Monica Seixas e Karina Correia, candidatas à uma vaga na Alesp pelo Movimento Pretas do PSOL-SP, debatem a saúde mental das mulheres negras.

Imagem: @eyeforebony/Unsplash

Foto: Imagem: @eyeforebony/Unsplash

23 de setembro de 2022

Chegamos a mais um Setembro Amarelo, oficialmente uma campanha de prevenção do suicidio. E em um mundo pós pandêmico, quando pesquisas e dados indicam que a situação da saúde mental da população brasileira não está nada bem. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking de casos de depressão na América Latina e ocupa o topo do mais ansioso do mundo¹.

Falar de saúde mental é sempre complexo, e não existe fórmula mágica, nem em termos de política pública, que dê conta de uma estrutura social e econômica que produz cada vez mais sofrimento psíquico. É verdade que a vida pandêmica e pós-pandêmica, quando enfrentamos um governo que não salvou nem a economia e nem vidas, nos adoeceu e adoece mentalmente. Mas esse processo não acontece igualmente entre nós. Como fugir de um estado ansioso quando não se sabe o que dar de comer aos filhos no dia seguinte? Como não ter sintomas depressivos quando se tem filhos mortos para a violência do estado? Como não se descolar da realidade, quando a vida concreta pode ser insuportável?

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“Insegurança alimentar, falta de saneamento básico, violência policial e instabilidade financeira são as principais questões para a mulher negra periférica. Como ter saúde mental sabendo que os filhos foram dormir com fome? Quem consegue se manter tranquilo sabendo que a qualquer momento sua casa pode ser levada pela chuva? Saúde mental está longe de fazer terapia regular, a qualidade de vida começa com direitos básicos para sobrevivência garantidos’, afirma Karina Correia

O Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA)² indica que, no estado de São Paulo, jovens negras com menores níveis de escolaridade foram o grupo mais afetado por doenças mentais na pandemia. Mas, por que a corda sempre arrebenta em cima das mulheres negras? Nossa estrutura econômica nos coloca na base da pirâmide econômica e social, e isso se reflete na falta de representatividade na política.

Em 2020, as mulheres negras representavam apenas 2% do Congresso Nacional. Mas, este dado não é exclusivo do âmbito federal. Na atual legislatura da Alesp só existem 3 mulheres negras, por exemplo: Monica Seixas, Erika Malunguinho e Leci Brandão. As políticas públicas, as decisões legislativas, passam longe da luta diária por dignidade das mulheres negras. Aumentar a representatividade política tem tudo a ver com nossa saúde mental: estarmos nos espaços de decisão pode não resolver a estrutura racista e machista brasileira, mas nos dá mais ferramentas de luta pra mudar uma sociedade que nos adoece. Nos permite criar mais mecanismos de cuidado de nós e dos nossos.

Aumentar nossa participação política, é criar políticas que privilegiam os grupos mais vulnerabilizados.

“No âmbito da saúde mental, por exemplo, precisamos atuar em três eixos: combate à desigualdade, acesso a tratamento de saúde mental de qualidade pelo SUS e uma atenção especial à questão do uso prejudicial de substâncias”, afirma a deputada estadual Monica Seixas.

“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou recorde de candidaturas de pretos e pardos nestas eleições, mas isso não é o suficiente, é necessário elegermos nossas iguais. Eleger mulheres da periferia, que lutam pela vida e pelo bem viver. É preciso nos engajarmos em movimentos de luta por mudanças! Em coletividades que produzam saúde, cuidado, solidariedade, representatividade e vida”, finaliza a deputada.

Referências:
● Pietrabissa G, Simpson SG. Psychological Consequences of Social Isolation During COVID-19 Outbreak. Front Psychol. 2020 Sep 9;11:2201.
● Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA). Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2022-07/mulheres-negras-foram-mais-afetadas-na-pandemia-diz-pesquisa. Acesso em 12/09/2022, às 8h42.

*Monica Seixas é deputada estadual em São Paulo e Karina Correia é covereadora pelo Ativoz em Osasco e estudante de psicologia. Ambas são candidatas à uma vaga na Alesp pelo Movimento Pretas do PSOL-SP.

Leia também: Setembro Amarelo: quem olha para a saúde mental das mulheres negras?

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